O jornal Valor Econômico publicou nesta terça-feira, dia 24 de outubro, matéria onde diz que o “uso político” levou a Caixa à um “aperto” de capital. Este aperto se refere ao acordo de Basiléia 3, entendimento internacional que estabelece volumes de recursos que os bancos devem ter para cobrir perdas inesperadas nas suas operações. O valor mínimo exigido pelo índice é 11,0%, no entanto, o último resultado foi de 14, 41%.

Segundo a reportagem, o governo está discutindo como fortalecer os índices de capital da Caixa até janeiro de 2019 para cumprir o acordo. Uma das propostas é transferir R$10 bilhões em ativos para o BNDES, o que reduziria o volume de crédito do banco e de risco. Outra possibilidade é a captação de R$10 bilhões junto ao FGTS para aumentar o volume de capital.

A situação vem sido discutida desde o ano passado acompanhada das palavras “ajuda” e “socorro” para criar a ideia de que o banco está quebrado.

Como no caso da Caixa é o governo o cotista único, a ele caberia aportar capital para cumprir a resolução. No entanto, já afirmou que não irá fazê-lo por conta da crise econômica. Conforme sugere o Valor Econômico, a culpa do problema seria dos dois governos anteriores que teriam feito uso político do banco.

Porém, a decisão do governo atual não tem cunho econômico, mas político, haja vista o retorno que a Caixa traz ao investir no desenvolvimento do Brasil, em administrar as operações do governo e em repassar parte dos seus dividendos para o Tesouro. E as consequências da negativa são evidentes: sem o aporte, para economizar capital o banco diminui drasticamente a oferta de crédito, aumenta tarifas, corta sua estrutura, reduz o número de empregados, vende ativos e caminha para a privatização total.

Para justificar este processo é que se dissemina a ideia de que o banco está falindo e dando problemas demais. Na última semana, o jornal O Globo também abordou o assunto dizendo que “as dificuldades da Caixa se refletem na avaliação que agências de classificação de risco fazem do banco”.

Segundo o jornal, as agências veem uma piora contínua nos níveis de capital e lucratividade da Caixa. Entretanto, consideram que o banco atende às exigências regulatórias e tem um altíssimo nível de suporte do governo, por ser 100% estatal. O Globo aponta que este seria o motivo que levou à proposição de transformar o banco em S/A (Sociedade Anônima) que ocorreu na última reunião do Conselho Administrativo da Caixa. A votação ocorreria nesta reunião marcada para o dia 18 de outubro, mas foi adiada após a mobilização dos empregados.

O jornal ainda informa que “uma fonte a par do assunto” assegurou que não há prazo para que o tema retorne à mesa. O objetivo do governo Temer é, primeiro, transformar a Caixa em uma S.A, o que significa distribuir as quotas em função do patrimônio do banco e, futuramente, abrir o capital como uma “alternativa de capitalização”, ou seja, privatizar. O que só confirma o que está por traz desta estratégia.

 

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