Na última quarta-feira, dia 24, o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região promoveu o Seminário Internacional Saúde do Bancário. Na mesa de abertura, a presidenta da entidade, Juvandia Moreira, lembrou que em consulta, 70% dos trabalhadores da categoria apontaram a saúde e as condições de trabalho como prioridade.
O assédio moral organizacional como causador do adoecimento físico e mental dos bancários foi o principal assunto da mesa “Saúde, Saúde Mental e Trabalho Bancário”. Os desafios jurídicos, as relações de trabalho e a questão dos direitos humanos foram temas de outro círculo de debates.
O trabalhador não pode ser visto apenas como um organismo fisiológico, mas como um todo, foi a tônica da mesa “Ergonomia, Economia e Trabalho Bancário. Ser obrigado a mentir e passar por cima dos valores éticos, pessoais e profissionais em nome da empresa é a maior causa de sofrimento enfrentado pelo trabalhador, foi o mote da mesa “O Trabalho Bancário e a Subjetividade”.
O último painel, e também o mais aguardado, abordou a questão das metas e da competição imposta nos locais de trabalho.

Pesquisa sobre saúde
Durante o seminário, foi apresentado o resultado da pesquisa “Visão da organização do trabalho e do ambiente de trabalho bancário na saúde física e mental da categoria”, realizada pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.
Os dados da pesquisa impressionam. Apesar de a maioria dos bancários ser jovem – 65% têm até 35 anos -, 84% relataram já ter sentido algum problema de saúde com freqüência acima do normal. No ranking desses problemas, o estresse sai na frente, apontado por 65% dos entrevistados. Mais da metade (52%) disse ter dificuldade para relaxar. Cansaço e fadiga constantes foram apontados por 47%. Quase metade dos entrevistados (40%) afirmou sentir dor ou formigamento nos ombros, braços e mãos.
Outro índice alarmante: 67% dos bancários de bancos públicos entrevistados concordaram com a frase “a meta em si não é o problema, mas sim a pressão abusiva para superá-la”, enquanto nos bancos privados o índice foi de 60%. Quando os trabalhadores foram divididos conforme o cargo que exercem, o índice entre os caixas subiu para 72%.
No questionamento que mediu a tensão no trabalho, os bancários de bancos públicos apontaram maior apreensão. O índice foi de 52% contra 38% nos estabelecimentos privados.
Também em relação à frase “tenho uma sobrecarga de trabalho e isso me estressa muito”, o índice de concordância dos trabalhadores de bancos públicos foi maior, 55%. Nos bancos privados, o resultado foi de 38%.
Quando o assunto foi assédio moral, os bancos públicos também apresentaram índices alarmantes. Na pergunta “Você já sofreu ou sofre alguma situação constrangedora em sua relação de trabalho, por parte de gestores, chefes ou colegas?”, 27% dos entrevistados responderam que sim. O índice dos trabalhadores de bancos privados foi de 23%. Quando foi feita a divisão dos entrevistados por banco, a Caixa apresentou o maior índice, com 31% dos participantes.
“Estamos no início da campanha salarial e a busca por um emprego decente, sem assédio moral e metas abusivas, é o nosso objetivo. Essa pesquisa confirma o que denunciamos há anos: que os bancários estão adoecendo por causa das péssimas condições de trabalho (especialmente a questão das metas e da competição impostas pelos banqueiros), principalmente nos bancos públicos, em especial a Caixa”, finalizou o diretor-presidente da APCEF/SP, Sérgio Takemoto, presente ao seminário.

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