2007 começou apreensivo nas unidades da Caixa. Isso porque a direção da empresa deu início, em janeiro, à implementação da chamada Gestão de Relacionamento com Clientes (GRC).
Embora os parâmetros da proposta já tivessem sido divulgados em novembro passado, a implantação, às pressas, na virada do ano, resultou na operacionalização de um modelo ainda inacabado, o que vem causando dúvidas e questionamentos por parte dos empregados.
A GRC introduz uma nova sistemática de segmentação de negócios e tenta agregar agressividade no gerenciamento das carteiras, ou seja, visa ao aumento do número de clientes e ao aumento da venda de produtos.
O Guia de Orientação para o Público Interno, divulgado também em novembro, informa que “o modelo conceitual da GRC prevê uma atuação clara e focada em mercados, segmentos, nível de relacionamento e nichos”, mas não faz referência à parte de atendimento ao cliente no que se refere à área social do banco como FGTS, PIS, seguro-desemprego…

• Contradições

As falhas ou a falta de informações claras quanto às mudanças deixam os empregados perdidos em meio a tantas idas e vindas da empresa.
A direção da Caixa havia informado, inicialmente, que as agências as quais não tivessem carteiras adequadas ao exigido na GRC perderiam gestores. Depois recuou, determinando que onde não existissem as carteiras compatíveis, estas deveriam ser fruto de um plano de negócios. De acordo com o banco, uma avaliação aconteceria a cada seis meses – com a primeira delas prevista para julho deste ano – e, se não fosse atingido o patamar estabelecido, o gestor perderia a função. Ocorre, porém, que muitos gerentes já estão sendo destituídos antecipadamente.
“Como explicar a destituição de função se a própria direção da Caixa afirmou, no ano passado, que iria aumentar o quantitativo de gerentes de relacionamento?” – questionou o diretor da APCEF/SP, Sérgio Takemoto.

• Nomenclatura de cargos: outro assunto desencontrado

Outro problema, causado pela falta de transparência nas alterações propostas pela direção da Caixa, diz respeito à mudança na nomenclatura dos cargos.
No último dia 28, foi divulgada CI informando que os antigos agentes empresariais passarão a ser assistentes de negócios. No entanto, o Conselho Diretor deverá aprovar a exigência de que, para de fato se tornar assistente de negócios, o candidato deverá ter curso superior. Se tal exigência for confirmada, muitos dos agentes não poderão se tornar assistentes. “A conseqüência dessa falta de transparência é a insegurança dos empregados, principalmente daqueles que atuam nesse setor” – completou Sérgio Takemoto.

• CEE-Caixa pede revisão da GRC

Para a Comissão Executiva dos Empregados (CEE-Caixa), a principal pergunta que fica é: por que a GRC, mesmo não estando pronta, foi implantada, causando tanto alvoroço e insegurança aos empregados?
Para Rita Serrano, membro da CEE-Caixa, a forma como foi realizada a implantação da GRC destaca a falta de cautela e democracia por parte da direção do banco. “O ideal seria que o movimento sindical fosse consultado antes da promoção das alterações. É fundamental ter sempre claro que o que diferencia a Caixa dos outros bancos é sua atuação social. Em qualquer mudança de foco negocial, esse fato tem de ser preponderante no planejamento das ações, o que não parece ter ocorrido” – afirmou.
O assunto deve ser levado à mesa de negociação com a direção da Caixa.

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