“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar”. (Nelson Mandela)

A reflexão do tema, com a institucionalização da data, em 2011, por meio da lei nº 12.519, é de grande importância para dar voz e ampliar a consciência, o valor e o conhecimento da história e da cultura afro-brasileira.

Com o dia 20 de novembro, que faz alusão à data da morte de Zumbi dos Palmares, muitos debates, movimentos culturais e tradições surgiram, tantos outros foram resgatados e fortalecidos.

O negro e a negra no Brasil se apropriaram da data para manifestar sua arte, realizar debates, dar visibilidade às lutas por oportunidades e marcar a importância deste povo na construção do país.

“Os africanos que foram escravizados tiveram suas culturas e familiares sequestrados. Vieram para o Brasil, mas trouxeram suas memórias e são essas histórias que são resgatadas e contatas hoje pelos seus descendentes”, afirma o diretor-presidente da APCEF/SP, Kardec de Jesus Bezerra.

A mulher negra – As mulheres negras seguem apresentando as maiores taxas de desemprego no Brasil. Em relação aos demais grupos, a desigualdade é ainda mais marcante quando se compara com a taxa dos homens não negros.

Pesquisa intitulada “Inserção da População Negra nos Mercados de Trabalho Metropolitanos”, realizada pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), com números de 2016, revela que em uma população de 17.792 considerada em idade ativa, na Região Metropolitana de São Paulo, 20,9% das mulheres negras estavam desempregadas, enquanto para homens não negros desempregados foi registrado 13,9%.

No setor público a distância entre mulheres negras no mercado, comparada as quantidades de mulheres brancas, também é grande. Em 2016 eram 9% de mulheres negras neste setor, enquanto 11,4% eram mulheres brancas.

Selma Aparecida Alves (foto) é empregada da Caixa e secretária de Responsabilidade Social da APCEF/SP. Mulher e negra, ingressou no banco público há mais de 13 anos, por meio de concurso público. Ela conta que em sua trajetória profissional na Caixa trabalhou com duas mulheres negras.

“Desde a minha integração na Caixa percebi que não haviam muitas mulheres negras. Nesses anos todos trabalhando em agências, muitas vezes, eu era a única mulher negra na unidade”, conta a bancária.

Ela traduz este fato como “um grande desafio”. “Infelizmente ainda vivemos em um país com muito preconceito racial e isso acontece tanto com os colegas de trabalho como no atendimento aos clientes. Eu, por exemplo, já passei por situações onde o cliente não quis ser atendido por mim por eu ser negra”.

Atualmente Selma trabalha em uma agência onde é a única mulher negra. Para ela isso é motivo de orgulho, mas, também de reflexão. “As mulheres negras ainda não tem as mesmas oportunidades que as mulheres brancas, por exemplo”.

Para a bancária, a cor da pele não determina a capacidade ou a competência do profissional. “Acredito que precisamos olhar mais para as pessoas e fazermos o nosso melhor independente da cor da pele, da opção sexual ou da condição financeira. Não somos melhores ou piores. A minha competência não está na cor da minha pele e nem no meu cabelo crespo (que eu amo) é sempre bom lembrar. Sou negra sim, muito bem resolvida e assumida”, finaliza.

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