Dezenas de pessoas reuniram-se no último sábado, 10 de novembro, no Centro de Eventos São Luís, na capital, para debater “As diferentes formas de violência contra a mulher”, no 3º Encontro da Diversidade organizado pela APCEF/SP.

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O encontro começou com a apresentação de uma cena teatral do grupo Pontos de Fiandeiras sobre a luta das mulheres nos anos de chumbo. Foi contada a história de uma das muitas Marias que foram torturadas e perderam a vida na época da ditadura militar. “Em tempos difíceis e de ameaça de nossos direitos, é importante ‘não soltar a mão de ninguém’. A melhor forma de resistência é acreditar que somos capazes de lutar contra todo tipo de violência”, lembrou uma das atrizes da peça apresentada, que foi aplaudida de pé.

 

Lei Maria da Penha busca proteger as mulheres – A defensora pública e coordenadora auxiliar do Núcleo Especializado de Promoção e Defesa dos Direitos das Mulheres (Nudem), Nalida Coelho Monte, falou, durante o Encontro, sobre a Lei Maria da Penha, o feminicídio e o assédio sexual. Ela lembrou que o Brasil ocupa a incômoda 5º posição em um ranking global de assassinatos de mulheres. O detalhe assustador é que a maioria desses crimes foi cometida por alguém da própria família, no ambiente familiar.

Ela destacou que a Lei Maria da Penha é uma das mais avançadas do mundo no enfrentamento da violência contra a mulher e que possui um caráter muito mais preventivo e assistencial do que punitivo.

Falou ainda sobre a criminalização do feminicídio, da importunação sexual e da violência no ambiente de trabalho. “A Caixa possui pouco mais de 20% dos cargos gerenciais ocupados por mulheres, apesar de ter o número de trabalhadores homens e mulheres quase igual. Um ambiente que não valoriza a mulher favorece o assédio”, lembrou a defensora pública.

 

Mulher tem vergonha de pedir ajuda – A psicóloga e mediadora interdisciplinar, Giselle Camara Groeninga, lembrou a importância da mulher pedir ajuda e buscar uma rede de socorro para auxiliá-la em situações de violência. “Apesar dos avanços nas leis e do aumento das denúncias, a violência contra a mulher não diminui, nem nos países mais ricos e desenvolvidos”, contou.

Giselle contou que a maioria dos divórcios é pedido por mulheres e que 1/3 das casas do nosso país são mantidas e gerenciadas exclusivamente por mulheres. “Estamos em uma terceira fase da revolução feminista. Lutamos pelo reconhecimento das diferenças, pela valorização das nossas características”, ressaltou. “As mulheres que sofrem qualquer tipo de violência precisam, em primeiro lugar, se repensar internamente: o que posso fazer para modificar essa situação? E buscar ajuda. Acomodar-se, esperar por mudanças ou acostumar-se com a violência é um comportamento típico, que precisa ser modificado”, alertou.

 

Exposição – Além dos debates, a APCEF/SP organizou uma exposição sobre mulheres guerreiras, que exercem funções tipicamente masculinas. “Já ouvi relatos de pessoas que se recusaram a entrar em um avião pilotado por uma mulher”, contou a empregada da Caixa e jogadora de futsal, umas das homenageadas, Gláucia de Souza Marques. “A exposição está muito linda, adorei fazer parte”, comentou.

“Muito interessante discutir fatos que já sabemos, mas que é preciso relembrar a todo momento para não deixar que aconteçam no dia a dia”, disse a empregada da Caixa Luiza Giovanna Tronnolone.

“Somos mulheres e somos guerreiras, ninguém solta a mão de ninguém”, com essa frase, a dirigente da APCEF/SP Selma Aparecida Alves finalizou o evento.

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