Logo após a abertura do 33º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa Econômica Federal (Conecef), foi lançada a Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Bancos Públicos em São Paulo, que contou com a participação de parlamentares e os delegados que participam do evento.

A criação de uma Frente Parlamentar Mista partiu do senador Lindbergh Farias (PT-RJ), com apoio das entidades que integram o Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas, entre elas a Fenae. A Frente é integrada por representantes da Câmara e Senado e dos movimentos sindical, social e associativo.

O senador Lindenberg Farias destacou a importância do banco público para o desenvolvimento das políticas públicas do país. “Não existe projeto de desenvolvimento nacional sem a participação dos bancos públicos. No governo Lula, em momento de crise, os bancos públicos fomentaram o crédito, emprestando dinheiro com taxa de juros mais baixa. Agora estamos vivendo uma grande ofensiva neoliberal, o golpe é a imposição de este projeto ser colocado em prática. Resistir, compreendendo o fator histórico, é primordial”.

Para o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira, a frente parlamentar é um mais um espaço de atuação que precisa ser valorizado. Citou outras iniciativas que vem sendo realizadas nos estados para ampliar o debate com a sociedade como a audiência pública realizada em Sergipe e outra no Mato Grosso do Sul, para a criação de uma Frente Parlamentar Estadual em Defesa dos Bancos Públicos, e no Espírito Santo.

“ Nós estamos no Conecef distribuindo o livro Bancos Públicos, de autoria do Fernando Nogueira, que faz parte da Coleção Fenae, para subsidiar os debates nas câmaras de vereadores, assembleias legislativas e em outros espaços, afim de ampliar nossa mobilização”, acrescenta o presidente da Fenae.

Roberto von der Osten, presidente da Contraf-CUT , disse que “a gente vinha pedido que houvesse uma frente parlamentar, pois nas ruas a gente já fazia a luta. Essa frente é fundamental, pois é um braço da nossa luta em defesa dos bancos públicos dentro do Congresso Nacional, o que potencializa nossa força. Combinamos que lançaríamos a frente em todos os estados. Hoje é a vez de São Paulo.”

Já o Deputado Federal Orlando Silva (PCdoB) lembrou das ofensivas neoliberais já vividas pelo povo brasileiro nos anos 1990, quando o governo afirmava que a alternativa para o Brasil era entregar as empresas públicas ao setor privado.  “Viver a luta política e o golpe hoje são como imagens do país voltando para os anos 1990 e revivemos o precarizar, desmoralizar e privatizar as empresas públicas”.

Para o Deputado Federal Ivan Valente (Psol) é preciso unidade e generosidade de todas as correntes políticas e movimentos para a construção de uma nova agenda política para o país. “O momento é de reflexão quanto à realidade política do Brasil, a classe trabalhadora deve debater uma virada da agenda da política econômica no país. O banco público é para servir o povo e não o capital. É preciso ousadia e generosidade para essas mudanças”.

O deputado Paulo Teixeira, do PT, afirmou que “nós temos um projeto de país, um país que cresça, que gere emprego para mais de 200 milhões de pessoas, um país que consigamos ter um grande parque industrial, um país que organize seus serviços públicos na área da educação e da saúde, um país que dê segurança para a população, um país profundamente democrático e justo. Nós temos de recuperar a democracia, pois viemos de um ciclo de crescimento e de inclusão social que acabou. Atacaram a legislação brasileira para impor um enorme retrocesso a constituição trabalhista. É fundamental que nós possamos tirar o Temer do governo.”

O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, afirmou ser um prazer estar em casa de novo. “Eu revitalizo minhas forças quando eu volto de onde eu vim que é a categoria bancaria. Este é um segmento da categoria, os bancos públicos, de onde saem ideias importantíssimas na luta da categoria do Brasil e da Caixa. O BB e a caixa são os maiores bancos do Brasil e são públicos. Por isso é extremamente apropriado lançar a frente parlamentar neste local. O golpe se consolidará se deixarmos privatizar os bancos públicos e a Petrobras. Este é o objetivo do golpe.”

A Conselheira eleita ao Conselho de Administração da Caixa, Rita Serrano, coordenadora do Comitê Nacional em Defesa dos Bancos Públicos ressaltou a importância da criação da Frente Parlamentar, mas lembrou que este debate sozinho não resolve o esfacelamento ao patrimônio público. “A atuação da Frente Parlamentar mais as ações nos locais de trabalho que resultará em avanços. Somos aproximadamente 200 mil formadores de opinião, entre empregados da Caixa e Banco do Brasil, que estão em contato com milhares de pessoas todos os dias e temos que usar essa capacidade”.

Para Emmanuel Souza, representante da CTB, a luta em defesa dos bancos públicos tem de ser feita pela sociedade. “Agora, se nós, funcionários desses bancos, que temos a consciência da importância destes bancos no projeto de país que queremos, não sairmos dos nossos locais de trabalho e formos às centrais sindicais fortalecer essa luta, ela não será vencedora. Nós temos de ter resistência e quanto mais forte seja neste momento, mais curta será a retomada de um projeto de nação que avance”.