A Federação Única dos Petroleiros (FUP) decidiu ontem suspender a greve iniciada na última segunda, 25, para denunciar as demissões em massa e o aumento da insegurança. Na contramão de outras petrolíferas, a Petrobras vem reduzindo seu efetivo, com 270 mil postos de trabalho próprios e terceirizados fechados nos últimos anos.

A paralisação estava prevista para ser encerrada amanhã, 29, mas decisões do Tribunal Superior do Trabalho (TST) estabeleceram multa de R$ 2 milhões por dia por conta da greve, além de suspender o repasse mensal de recursos à federação e sindicatos filiados. De qualquer forma, o saldo do movimento é positivo na avaliação dos petroleiros.

Para a FUP as decisões da Justiça são arbitrárias (a última vez em que o TST tomou decisão similar foi em 1995, quando uma greve dos petroleiros afetou o abastecimento de combustíveis do País) e o posicionamento do ministro Ives Gandra Martins só evidencia o poder de mobilização da categoria.

A greve foi considerada positiva pela entidade porque além de garantir a produção de petróleo e o abastecimento de combustíveis para a população – compromisso assumido e cumprido pelos trabalhadores do setor de petróleo –, conseguiu chamar a atenção da sociedade para a política de demissões e transferências em massa, de venda de ativos e de reajustes constantes da gasolina e do óleo diesel promovida pela atual gestão da empresa.

As ações, segundo a federação, reuniram “direta e indiretamente” 26 mil trabalhadores, mais de um terço do efetivo. As atividades envolveram iniciativas solidárias, como a participação dos petroleiros no Dia Nacional de Doação de Sangue em diversas cidades do País. Eles permanecerão doando sangue até amanhã com o mote #petrobrasnaveia”.
Também houve distribuição de mil cestas básicas a trabalhadores demitidos na Refinaria Duque de Caxias (Reduc), no Rio de Janeiro. E a venda, “a preço justo”, de 200 botijões de gás de cozinha em Campos dos Goytacazes (RJ).

“As decisões do TST reforçaram o potencial dos petroleiros, que se mobilizaram e garantiram o abastecimento dos combustíveis e foram para as ruas em ações sociais”, afirmou o coordenador-geral da entidade, José Maria Rangel. Em sua avaliação, o ministro da Economia, Paulo Guedes, desconhece a legislação brasileira – que dá direito de greve a todos os trabalhadores do País – e também a situação atual da Petrobras.

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