Durante o lançamento, em 3 de outubro, uma unanimidade: é urgente envolver empregados do banco e sociedade na luta contra o projeto de entregar para a iniciativa privada a Caixa e todas as principais empresas públicas

“Ou a gente defende a Caixa como empresa pública importante para a sociedade brasileira ou a gente estará fadado à derrota. Queremos os empregados e a sociedade nessa luta contra a proposta do governo de transformar o banco em S/A e abrir o seu capital”. Foi com essas palavras que o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira, lançou a campanha “Defenda a Caixa você também”, nesta terça-feira (3), no Rio de Janeiro.

A iniciativa é da Fenae, realizada em parceria com as centrais sindicais CUT, CTB, Intersindical e Conlutas, além das Apcefs, Contraf-CUT, federações e sindicatos de bancários, contando com apoio de trabalhadores e representantes de entidades de vários segmentos do país. O lançamento integrou o Ato em Defesa da Soberania Nacional, organizado pelo Comitê Nacional em Defesa das Empresa Públicas, que envolveu diversas categorias no centro da cidade.

O pontapé da campanha “Defenda a Caixa você também” ocorreu em frente ao prédio do banco da Almirante Barroso, conhecido como “Barrosão”, palco de inúmeras mobilizações dos empregados. “Só a luta nos garante. Esse governo é entreguista. E nós somos a resistência”, destacou o presidente da Contraf, Roberto Von der Osten. Paulo Cesar Matileti, presidente da Apcef/RJ, acrescentou: “é muito importante a presença de tantas entidades representativas aqui no Rio contra o esvaziamento da Caixa e das outras empresas públicas”.

Emanoel de Jesus, da CTB, destacou que a luta será fundamental para barrar as reformas e outros retrocessos. “O que está em jogo esse ano é mantermos o projeto de país soberano. Os bancos públicos são centrais para isso, numa luta de todos os brasileiros”, disse. Antônio Carlos Cordeiro, da Intersindical, acrescentou: “a população mais pobre é que sabe o que significa a Caixa para o desenvolvimento econômico e social do país. É com a ajuda do povo que vamos dizer ‘não mexa no patrimônio dos brasileiros’”.

A campanha “Defenda a Caixa você também” vai mostrar como o banco é essencial em áreas como habitação, saneamento, infraestrutura, educação, esporte, cultura, agricultura, gestão do FGTS. Enfim, para a vida dos trabalhadores e brasileiros em geral. “Esse ataque à Caixa e a outras empresas públicas se deve justamente à importância delas. É isso que incomoda a elite desse país. Na década de 90, resistimos contra a privatização da Caixa. Mais uma vez, vamos resistir e lutar”, frisou o vice-presidente da Fenae, Sérgio Takemoto.

Um dos principais objetivos da Fenae é envolver a sociedade brasileira no debate, como observa Dionísio Reis, coordenar da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa) e diretor da Federação. “É assim, também com o apoio dos trabalhadores do banco, é que faremos a resistência. Essa campanha se junta a outras já em curso, em defesa das empresas e dos serviços públicos. A importância da Caixa, do Banco do Brasil e de outros bancos públicos já ficou clara em momentos de crise”, afirmou.

Durante o ato no Rio, uma certeza: os ataques do governo federal ao patrimônio público não têm paralelo na história brasileira, nem mesmo durante a ditadura militar. “A Caixa não está na lista de privatizações do Planalto, mas as operações estão. O primeiro passo é privatizar a Lotex. As áreas de seguro e cartões são as próximas da lista. Ou a gente se movimenta ou vão acabar com a maior fomentadora de políticas públicas do país”, advertiu Rita Serrano, coordenadora do Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas e representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa.

Ao destacar a importância da Caixa na vida dos brasileiros, sobretudo dos mais carentes, Juvandia Moreira, da CUT, lembrou: “sem a Caixa e os bancos públicos, o crédito imobiliário e o apoio à agricultura familiar, por exemplo, ficarão mais caros. Ou seja, a população é que mais vai perder”. Carlos Alberto Lima, Caco, diretor de Esportes da Fenae, completou: “uma abertura de capital da Caixa só visa encher o bolso de uma minoria de ladrões. Temos que nos levantar. Não podemos nos calar frente a tantos ataques”.

Ainda de acordo com Jair Pedro Ferreira, a Caixa é que mais investe em um Brasil maior e melhor para todos. “Basta citar os recursos destinados à construção de moradias populares, esporte, cultura, educação, bem como a gestão do FGTS. Tudo isso está em risco com esse projeto do governo de abrir o capital do banco. São 156 anos a serviço dos brasileiros, graças a milhares de empregados que vestem a camisa da Caixa 100% pública”, observou.

Por que defender a Caixa?

Para se ter ideia da importância da Caixa para o Brasil e os brasileiros, basta ver os dados da atuação nos mais diversos setores. Somente no primeiro semestre de 2017, a carteira imobiliária totalizou R$ 421,4 bilhões, com o banho ganhando 1,3 p.p. de participação no mercado imobiliário, mantendo a liderança com 68,1%. Já as operações de saneamento e infraestrutura cresceram 5,3% no período, com a carteira atingindo os R$ 79,9 bilhões.

Entre janeiro e junho, foram pagos cerca de 78,5 milhões de benefícios sociais, num total de R$ 14,2 bilhões, sendo R$ 13,7 bilhões referentes ao Bolsa Família. Em relação aos programas voltados ao trabalhador, a Caixa realizou 196 milhões de pagamentos, que totalizaram R$ 176,6 bilhões. Também foram realizados 33,7 milhões de pagamentos de aposentadorias e pensões aos beneficiários do INSS, correspondendo a R$ 40,7 bilhões. Ao final de junho, o banco possuía 84,1 milhões de correntistas e poupadores.

Fonte: Fenae

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