Pedro Guimarães, presidente da Caixa, afirmou em matéria publicada na Agência Caixa de Notícias, em 13 de maio, que o banco público não será privatizado. No entanto, Paulo Guedes, ministro da Economia (ao qual a Caixa é vinculada), por sua vez, afirmou, segundo o Infomoney, no último dia 17, que “se é para a Caixa dar lucro, privatiza logo”.

As duas declarações parecem incongruentes. No mês de abril, de acordo com o mesmo Infomoney, o presidente da Caixa havia apontado o que seria a linha de atuação da empresa, que se tornaria o “banco do Excel”, mantendo o foco na rentabilidade, afirmando que “fazemos conta para tudo. Se o resultado não for positivo, não fazemos”, e também disse que “passamos a ter um grupo 100% focado em resultados”.
A declaração do ministro sobre a privatização ocorreu durante encontro no Rio de Janeiro com representantes do setor da construção civil: “Pra que eu vou ter um banco com 21 mil agências no Brasil pra dar lucro máximo? Se for pra isso, privatiza, vende, funde com o Banco do Brasil”, completou Paulo Guedes.

Orientações distintas – Enquanto Pedro Guimarães expôs que a política da empresa pública aproximaria sua atuação à dos concorrentes de capital privado, o ministro, pelas falas publicadas, entenderia que a linha adotada pela Caixa precisaria se descolar das práticas dos concorrentes, para gerar demanda naquilo que chama de “capitalismo popular”.
Pelas declarações do presidente e de seu chefe, um observador pode chegar à conclusão de que a bússola que orienta a política da Caixa mais parece um catavento.

Defenda a Caixa você também – O presidente afirma reiteradamente que a Caixa não será privatizada. A afirmação é positiva, mas o presidente poderia ir um passo além e passar a fazer a defesa da empresa nos meios de comunicação, já que conquistou espaço para tal.

Um exemplo recente de ataque sofrido pela Caixa foi a afirmação atribuída a membros do governo federal publicada pelo jornal Valor Econômico de que o FGTS possui uma “péssima performance”, e que, além disso, “transfere” R$ 6 bilhões ao ano à Caixa.

A APCEF/SP buscou os dados publicados no relatório financeiro do FGTS entre 2012 e 2017 (último disponível) e informações relativas à legislação que rege o Fundo para rebater os pontos levantados na reportagem.

O material publicado na edição 1.317 do jornal APCEF em Movimento, de 15 de maio, está disponível para consulta também no site da entidade (www.apcefsp.org.br).

A tabela abaixo sintetiza o desempenho financeiro (comparável com fundos com lastro em crédito privado gerido por bancos privados) do Fundo nos últimos exercícios.

 

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