O ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 2016, Oliver Hart, declarou em entrevista publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo desta sexta-feira, 3 de novembro, que é “cético em uma privatização motivada pela necessidade de caixa” do governo.

Esta é a justificativa que está sendo utilizada pelo governo Temer para privatizar a Eletrobrás e futuramente a Caixa.

“Não sou conhecedor da situação brasileira, então só posso falar de uma forma generalizada. Sou cético em relação a uma privatização motivada pela necessidade de caixa. O principal argumento para privatizar deve ser que a empresa pode funcionar de forma mais eficiente. Esse é o lado bom de uma privatização. O ruim é que a empresa pode não funcionar para atender o interesse público e usar seu poder de monopólio para aumentar preços, assumindo que essa é uma empresa enorme. A companhia privada persegue lucros mais do que qualquer coisa”, afirmou Oliver.

O aumento de preços pós-privatização já ocorreu com as empresas de telefonia e energia. No caso da energia isso pode se agravar com a venda da Eletrobrás, maior empresa de energia elétrica da América Latina.

Ao mesmo tempo que diz precisar vender estas empresas para atingir as metas fiscais do governo, Temer estuda perdoar dívidas de empresários que somam R$ 543,3 bilhões. Só dos bancos privados já foram perdoadas dívidas de R$ 27 bilhões em 2017.

O salvamento dos bancos privados também é alvo de críticas do economista. Segundo Oliver, “o ideal é, se o banco está com problemas, você ter certeza de que os consumidores estão bem. Não é salvar o banco, mas os depositantes. Mas bancos têm muitos credores: têm os consumidores e os bondholders. Esses últimos, não tem de salvar”.

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