No início do ano, a nova presidenta da Caixa anunciou ao público interno e externo que a gestão pelo medo, que marcou a administração anterior chegaria ao fim em sua gestão. Porém, o caminho para que este objetivo seja alcançado parece ser cada vez mais longo, como demonstra a atuação de parte da alta administração da empresa, que é remanescente da gestão anterior.

Recentemente, a Apcef/SP e Sindicatos pautaram com diferentes SRs, a aplicação de pesquisa de clima organizacional em unidades em que há (ou houve) conflitos entre empregados. A pesquisa é a ferramenta que, institucionalmente, vinha sendo aplicada nos casos em que um conflito no ambiente de trabalho é identificado, e seu resultado é lido como um diagnóstico do clima organizacional das unidades, orientando as ações a serem tomadas para solucionar os conflitos, sendo realizada por empresa contratada.

Depois das SRs se comprometerem em aplicar a pesquisa de clima organizacional, a área de pessoas resistiu em aplicá-la. Após muita insistência, informaram que não há mais contrato vigente com empresa capacitada em aplicar a pesquisa (ferramenta adotada, institucionalmente, há mais de dez anos). Ou seja, por ineficiência ou intencionalmente, o contrato de prestação de serviços teria vencido, sem ter sido renovado ou substituído pelos responsáveis, a DEPES e a VICOP.

Os casos pendentes são sérios. Em uma das situações, uma chefia que já teve problemas de conflitos em diversas unidades e mais uma vez teve conflitos com os empregados, a “solução” adotada pela SR até o momento foi sua transferência para uma agência de porte 1, sem sequer orientá-la a desenvolver as competências necessárias para evitar que o problema ocorra novamente. Em outro caso, a solução está pendente há tempos e a falta de atuação tende a agravar os conflitos.

Enquanto isso, situações como a realização de eventos de reconhecimento, promovidos por Superintendente de Rede que possui graves reclamações contra si (que são do conhecimento da área de pessoas da Matriz) seguem, como se nada tivesse acontecido. Os empregados que sofreram com o comportamento do Superintendente, que é relatado como agressivo, ameaçador, com arroubos e bordões como “Nem que morra, temos que entregar os resultados” serão “reconhecidos”, pelo próprio – talvez por terem sobrevivido. Mas os empregados merecem mais que apenas sobreviver: merecem ter condições de trabalho dignas e serem respeitados.

“A empresa deveria coibir as práticas abusivas como a deste Superintendente, mas não o fez, mesmo tendo conhecimento dos fatos. Sem os instrumentos que existiam tratar dos conflitos, as soluções podem ficar mais difíceis. Por isso precisamos, cada vez mais, nos apoiar mutuamente e não nos calarmos frente à estes abusos. O fato das colegas que foram vítimas de assédio por dirigentes da empresa terem feito a denúncia foi capaz de afastar o próprio presidente da Caixa à época, e mostra que o caminho nunca deve ser o de se resignar, e sim de denunciar e buscar apoio das entidades, para que ninguém mais seja vítima de assédio e de desrespeito”, diz o diretor-presidente da Apcef/SP, Leonardo Quadros.

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