Não é de hoje que a falta de empregados na Caixa é um problema crônico. O que parece ser apenas uma questão numérica, na verdade, acarreta diversos problemas no dia-a-dia dos funcionários, como sobrecarga de serviço, estresse, extrapolação de jornada, doenças do trabalho… Sem contar o precário atendimento aos clientes. Tudo isso por causa do quadro insuficiente de trabalhadores no banco.
Mais recentemente, a transferência dos serviços da retaguarda para a agência e a implementação do programa habitacional do governo Minha Casa, Minha Vida – que aumentou a demanda de trabalho no banco – têm agravado, ainda mais, a já desconfortável situação dos empregados da Caixa.

• Desabafo
A APCEF/SP recebeu, em 13 de maio, um e-mail de um empregado que retrata o dia-a-dia e as condições de trabalho na Caixa. “Na minha unidade, os funcionários, há tempos, estão trabalhando além do limite, fazendo o trabalho de duas ou mais pessoas… Com a dispensa dos terceirizados das RETPVs, os caixas chegam a trabalhar até às 22 horas para tentar dar conta do serviço, uma vez que não houve reposição de trabalhadores” – diz um trecho do e-mail.
O descontentamento do empregado é tanto que ele afirma: “os funcionários mais antigos não veem a hora de aposentar-se. Para os que ficam, resta apenas a inveja daqueles que já conseguiram sair da empresa.”

• Cobrança de solução
Em abril, a APCEF/SP encaminhou ofício à direção da Caixa cobrando uma solução imediata para a falta de empregados, com a criação de vagas no banco. No documento, destacou-se a substituição dos terceirizados nas retaguardas das unidades, que vem acontecendo, em muitos locais, na proporção de três, de quatro e até de seis para um.
No último dia 13, a direção da Caixa afirmou, em resposta ao ofício da APCEF/SP, que a substituição de prestadores de serviços por empregados do quadro próprio tem ocorrido de forma gradual, “mediante articulação e planejamento elaborado pelas áreas envolvidas no sentido de promover adequações de processos, de tecnologia e de estrutura, com o intuito de viabilizar a substituição da melhor maneira possível”.
No documento, a direção da Caixa disse, ainda, que especificamente em relação ao setor de tratamento de envelopes e malotes, a substituição tem ocorrido na proporção de, aproximadamente, um empregado para cada prestador de serviço desligado. “Mas essa não é a realidade que temos encontrado nas unidades e muito menos o que tem sido relatado pelos funcionários. A substituição dos terceirizados tem sido feita, mas não de maneira a suprir a demanda nas agências, o que está agravando, ainda mais, o problema de falta de trabalhadores” – afirmou o diretor-presidente da APCEF/SP, Sérgio Takemoto.
Em relação à insuficiência de trabalhadores, a direção da Caixa acrescentou, ainda, que o banco se submete à autorização governamental (Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão – MPOG) para a contratação de empregados. “Portanto, para aumento no quadro de pessoal, as contratações são efetivadas obedecendo aos limites autorizados pelo governo e, também, ao planejamento administrativo e orçamentário da empresa” – diz um trecho do ofício da direção do banco.
“Para o problema da falta de empregados na Caixa existe apenas uma solução: a contratação de mais trabalhadores. Se, para isso, é necessário percorrer caminhos burocráticos e administrativos que passem por ministérios e outros órgãos, que se faça” – afirmou Sérgio Takemoto. “O que não podemos aceitar é que as condições de trabalho e o atendimento aos clientes e usuários caminhem, cada dia mais, para o caos” – finalizou.

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