Da Contraf/CUT

Foi retomado, em 17 de março, o processo de negociação permanente entre os bancários e a Caixa. Foi o primeiro encontro entre as partes, que não se reuniam desde a campanha salarial de 2008. A Caixa apresentou sua nova comissão de negociação, coordenada por Ana Telma Monte.
A reunião começou com um debate sobre o papel e o funcionamento da própria comissão. Os bancários apontaram que, embora tenhamos tido muitos avanços nos últimos anos na mesa de negociação, existem muitas posturas que a empresa adota que acabam por colocar em xeque a credibilidade da mesa.
Como exemplo desse tipo de situação está a questão do desconto dos dias parados na greve de 2008. Os bancários reivindicaram mais uma vez que o banco desista do desconto dos dias. “Neste momento, a Caixa está sendo chamada pelo governo federal a dar uma resposta à crise econômica e vai precisar que seus empregados se envolvam nesse esforço. Seria importante que o banco superasse essas situações e aproveitasse para valorizar seus empregados” – avaliou Jair Ferreira, coordenador da CEE/Caixa. A Caixa, no entanto, não assumiu compromisso de rever a situação, que continuará a ser questionada pelos bancários judicialmente.
Ainda nesse sentido, os trabalhadores colocaram que se no momento da campanha salarial e de greve é natural que haja um tensionamento das relações, depois disso a situação deve se normalizar. “Como é uma comissão nova, queremos renovar nossa proposta de fazer com que a mesa permanente avance” – disse Jair.

• Pendências
Os bancários cobraram da Caixa uma série de questões pendentes do acordo coletivo assinado com o banco após a Campanha Nacional dos Bancários de 2008. Um dos temas tratados é a cláusula 35 do acordo, que diz respeito ao pagamento do auxílio-alimentação para as pessoas que ingressaram no banco antes de 95 e que se aposentaram após essa data ou que ainda venham a se aposentar. A Caixa assumiu o compromisso de resolver esse problema e disse que avalia oferecer uma indenização para as pessoas nessa situação. Os trabalhadores responderam que seria necessário avaliar o valor desta indenização e que não querem que o dinheiro seja pago na hora da aposentadoria, mas aportado na Funcef, para dar aos trabalhadores um benefício perene. A Caixa ficou de avaliar a situação e trazer uma resposta em outra ocasião.
Outro ponto é a forma de acesso dos empregados aposentados nas unidades da Caixa. Hoje, a partir do momento em que o empregado se aposenta, a Caixa retém o seu crachá e ele fica impossibilitado de circular nas unidade, o que a representação dos trabalhadores considera uma discriminação. A Caixa afirmou que irá reformular os crachás para todos os empregados no segundo semestre deste ano e incluirá os aposentados. Como solução provisória, o banco disse estar avaliando a possibilidade de que os aposentados possam entrar nas dependências utilizando a identificação da Funcef.

• PCC
Os trabalhadores também cobraram da empresa novidades sobre o processo de elaboração da proposta de Plano de Cargos Comissionados (PCC). Os representantes da Caixa responderam que está sendo finalizada a contratação de uma consultoria que dará início ao processo de criação de uma proposta, de acordo com a empresa. esse processo iniciará do “zero”, mas afirma que será concluído dentro do prazo estipulado no acordo, 30 de junho. Atendendo à solicitação dos trabalhadores, o banco concorda que os empregados acompanhem os debates.
Os bancários também cobraram da empresa que ela forneça os dados estatísticos solicitados sobre a atual condição dos trabalhadores no atual plano para embasar os parâmetros da nova proposta de PCC a ser discutida pelos trabalhadores. Os representantes do banco disseram não ter condições de estabelecer um prazo para a entrega dos dados, mas que darão um retorno em breve.

• Reformulação das retaguardas das agências
Foi tratado também o problema das mudanças que estão sendo promovidas pelo banco nas RETPVs. Os bancários pediram um balanço do processo de transformação dos caixas de retaguarda em caixas de agências. “Também colocamos uma série de problemas que estamos vendo na reformulação das chamadas RETPVs” – disse Jair. Um dos problemas é que a Caixa está reduzindo o número de Técnicos de Operação de Retaguarda (TOR), deixando várias RETPVs com apenas um empregado dessa especialidade em jornada de seis horas, o que não é suficiente para o funcionamento de uma agência, além do problema de descomissionamento de vários empregados. A comissão de negociação do banco disse que irá apresentar essas questões para o grupo de acompanhamento desse processo e buscar uma forma de contornar os problemas.

• Promoção por mérito
Os bancários cobraram o banco sobre a avaliação do processo de promoção por mérito do PCS. A Caixa informou que, com a prorrogação do prazo até dia 30 de abril e algumas revisões no sistema, o processo está acontecendo em um ritmo acelerado. Uma primeira onda já foi finalizada em 13 de março, incluindo as regiões Norte, Centro Oeste e o Distrito Federal. O processo envolveu 15.543 empregados em 537 unidades, sendo que apenas um local de trabalho deixou de fazer a avaliação. Ela está cadastrada para realizar o processo na segunda onda, que começou no dia 16 e vai até 23 de março, abrangendo a região Nordeste. O processo envolverá 12.785 empregados em 498 unidades. Com as mudanças, a avaliação do banco é que o processo termine dentro do novo cronograma estabelecido.

• Ilegalidade
Uma denúncia grave foi feita por Cardoso, e presidente do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e representante da Fetraf/MG na CEE/Caixa. Ele informou que em Belo Horizonte os empregados da Cerat (Central de telemarketing) estão trabalhando sábados, domingos e feriados. Além da irregularidade de descumprir a jornada dos bancários estabelecida na CLT, a Caixa está fazendo banco de horas, o que não é permitido em nosso acordo coletivo. Os representantes da empresa entenderam a gravidade do problema e ficaram de verificar e dar retorno.
Para Jair Ferreira, embora o processo tenha sido retomado tardiamente – o que se deve em parte ao processo de reestruturação da “área de pessoas” do banco -, a disposição que a nova comissão reafirmou de tentar avançar nos debates é positiva. “Estamos na expectativa de que essa perspectiva seja cumprida” – afirmou. “O ponto a lamentar é a insistência do banco no desconto dos dias parados, o que mantém uma pendência importante da campanha salarial até hoje. E se isso traz óbvios prejuízos para os empregados, também afeta a qualidade da gestão da Caixa” – disse Jair.

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