A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) apresentou, nesta sexta-feira (26), uma proposta de reajuste salarial de apenas 75,8% da inflação, o que leva a categoria bancária a ter uma perda real de 2% nos salários. O Comando Nacional dos Bancários indica a rejeição da proposta nas assembleias que serão realizadas nesta noite.

Já foram realizadas 17 reuniões de negociação após a entrega da minuta e os bancos mantém a proposta de perda salarial. “Não vamos aceitar proposta que não traga aumento real dos salários”, disse a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e coordenadora do Comando Nacional dos Bancários, Juvandia Moreira. “Na PLR obtivemos avanços, mas os bancos ainda precisam melhorar a proposta”, completou.

Com relação à proposta para Participação nos Lucros e/ou Resultados (PLR) Os bancos desistiram de pedir a compensação (redução) das verbas pagas em programas próprios na parcela adicional da PLR da Fenaban. Mas, para a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região (Seeb/SP), também coordenadora do Comando, Ivone Silva, “os bancos ainda não conseguiram enxergar que precisam apresentar uma proposta que valorize a categoria, com aumento real nos salários e maior distribuição dos lucros para quem trabalha para que eles tenham seus lucros astronômicos”.

Assembleias – Sindicatos da categoria de todo o país realizam assembleias nesta sexta-feira (26) para que os bancários analisem a proposta da Fenaban e autorizem o estado de assembleia permanente. Para votar, os bancários devem acessar o link da Plataforma VotaBem (https://bancarios.votabem.com.br), ou link disponibilizado pelo sindicato de sua base.

O Comando Nacional dos Bancários indica a rejeição da proposta dos bancos e a aprovação do estado de assembleia permanente, para permitir que o Comando Nacional dos Bancários convoque a categoria a qualquer momento para avaliar e deliberar sobre novas propostas.

Avanços

Complementação do auxílio doença – Com relação ao auxílio doença previsto na cláusula 29 da CCT, os bancos queriam incluir uma alínea ao parágrafo primeiro da cláusula para estabelecer que somente teria direito ao auxílio o empregado que tivesse retornado ao trabalho e trabalhado ininterruptamente pelo período mínimo de 6 meses após o recebimento da última complementação, mas após reivindicação do Comando, os bancos retiraram a proposta.

Teletrabalho – É um tema novo que vai entrar na CCT. Os bancos concordaram com a reivindicação de controle de jornada para todos os trabalhadores; com o fornecimento e manutenção de equipamentos; com o direito à desconexão para que gestores não demandem os trabalhadores fora do horário de expediente dos mesmos; com a manutenção dos direitos da CCT aos trabalhadores que realizem suas funções fora das dependências do banco; com prevenção e precauções com a saúde dos trabalhadores; com a criação de canal específico para que os trabalhadores em teletrabalho tirem suas dúvidas.

Os trabalhadores com filhos de até quatro anos, ou com deficiência terão prioridade e as bancárias vítimas de violência doméstica poderão escolher se preferem trabalhar em domicílio, ou nas dependências do banco.

Os bancos facilitarão a realização de campanhas de sindicalização e o contato com os trabalhadores em teletrabalho.

Será criado um GT bipartite para acompanhar o cumprimento da cláusula.

Mas ainda falta avançar na ajuda de custo.

Assédio sexual – A nova cláusula sobre assédio sexual fará repúdio à esta prática nos bancos e os gestores e empregados passarão por treinamento para prevenção e esclarecimento sobre possíveis consequências. Também está em debate a participação das entidades sindicais no canal de denúncias a ser criado, assim como o acompanhamento dos casos pela comissão bipartite de diversidade que já existe.

Assédio moral e cobrança de metas – O tema será pautado na primeira reunião de negociação de 2023 dos bancos que têm comissões de empresa. Os bancos que não têm comissão de empresa devem realizar reunião específica com a representação dos trabalhadores para tratar do tema, a pedido do sindicato.

Continuidade das negociações – As negociações ficam interrompidas no final de semana e serão retomadas na segunda-feira (29), às 14h, quando, segundo a Fenaban, será apresentada uma proposta para encerrar a campanha.

“Esperamos que os bancos apresentem uma boa proposta para que a campanha se encerre com valorização da categoria”, concluiu Juvandia.

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