Fonte: Correio Braziliense

O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal estão trabalhando pesado para assumir o comando da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban). Pelo estatuto da entidade, até março do ano que vem, devem haver eleições para a escolha do substituto do atual residente, Fábio Barbosa, do Santander Real, cujo mandato, de três anos, se encerrará no dia 19 de abril — a reeleição é proibida. A meta do BB e da Caixa, o primeiro e o quarto maiores bancos do país, é quebrar a hegemonia das instituições privadas que sempre dirigiram a poderosa federação e impor a filosofia do governo, mais social, pró-consumidor e pró-crescimento econômico, com ampliação do crédito a um custo mais baixo.

O BB e a Caixa chegaram à Febraban no fim dos anos 1990 pelas mãos do então presidente da entidade, Roberto Setúbal, do Banco Itaú. Mas sempre tiveram papel coadjuvante. “Agora, chegou a hora de assumirmos um posto de liderança na entidade e
funcionarmos como um contraponto à visão que sempre prevaleceu por lá”, diz um dos principais representantes dos bancos públicos. “Sabemos que haverá resistências, mas temos como angariar apoio a nosso favor. A Febraban não pode continuar sendo um feudo dos grandes bancos privados”, acrescenta.

Triunvirato
Nos últimos anos, a presidência da Febraban pertenceu ao triunvirato formado pelo Itaú, Bradesco e Unibanco. Essa hegemonia foi quebrada por Fábio Barbosa, então presidente do Real. Mas já havia uma negociação para que o rodízio voltasse. O escolhido seria
Antonio Jacinto Matias, que frustrou os planos ao se aposentar do Itaú e se afastar do sistema financeiro. Além disso, Itaú e Unibanco viraram uma coisa só. E mais: Roberto Setúbal já presidiu a federação por cinco anos, pois acumulou um mandato tampão ao substituir Maurício Schullman, que perdeu o cargo depois da quebra do Bamerindus.
Pedro Moreira Salles, do Unibanco, não demonstra o menor apetite pela entidade.
“Talvez seja a hora de um banco público assumir a presidência da Febraban. Mas isso só vai acontecer se houver um acordo tácito com as instituições privadas de que a entidade continuará defendendo os interesses do setor e não os do governo”, ressalta
um executivo com assento na atual gestão da Febraban.

“Temos ainda um bom tempo pela frente para aparar as arestas. E não será fácil chegar a um consenso. Os bancos privados não gostam nem um pouco da posição intervencionista adotada pelo governo depois do estouro da crise mundial. É um perigo”, complementa.

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