Agora que praticamente tudo pode ser feito nos sistemas da Caixa, até mesmo o famigerado MO 21182 ganhou sua versão on-line. Ele fica na aba “apontamento de condutas e atribuições” do sistema de feedback e, por isso, não ficou tão claro o objetivo do documento.

Vale ressaltar que se parece vilão por conta dessa confusão, o MO 21182 é, na verdade, uma conquista dos empregados, pois significou um avanço em relação ao modelo anterior, que previa o descomissionamento por justo motivo de maneira sumária.

Se antes os gestores podiam retirar função dos subordinados arbitrariamente (e por qualquer motivo), agora, não podem mais, sendo obrigados a inserir os motivos no sistema, tendo esses que serem objetivos. Além disso, os gestores têm de dar 60 dias para os empregados retornarem sobre a cobrança efetuada via documento, podendo reverter o objetivo do gestor. O que importa ressaltar é que o MO não é para ser utilizado como mero feedback. Para isso, existe uma aba específica chamada “feedback pontual”.

Esclarecidos os pontos acerca do que é feedback e do que, na verdade, é o registro da intenção de descomissionar os empregados, ressaltamos o que mais importa no momento: a pandemia.

Qualquer que seja a ferramenta de gestão que a Caixa mantenha funcionando em tempos de pandemia, essa deveria ser tirada do ar. “Em um período de crise sanitária dessa magnitude, ter um sistema de pressão à disposição dos gestores não é uma política de gestão de pessoas considerada adequada. Lembro aqui do ‘Conquiste’, que ficou fora do ar no início da pandemia e que, em uma decisão negacionista da empresa, foi trazida de volta e permanece como um assombro, mesmo com a pandemia matando muito mais gente ontem do que no mesmo dia há um ano”, afirma a diretora da Apcef/SP e do Sindicato, Vivian de Sá.

Se é um absurdo os empregados estarem com metas de vendas enquanto pessoas se contaminam e morrem – e não se tem como saber o quanto a gestão da empresa “contribui” com o caos, ao retirar pessoas do atendimento para cumprirem objetivos que a sociedade não tem e não precisa neste momento, é também absurdo ameaçar os “heróis de crachá” em um momento como esse, com sua renda e seu desenvolvimento profissional.

“Por isso, não podemos tolerar a utilização do feedback estruturado ou MO 21182, que representa a intenção de retirar a função dos colegas por metas e objetivos, nem tampouco consideramos sensato sair dando o feedback pontual. Mesmo o feedback pontual é uma ferramenta de pressão, pois é normalmente negativo e já há pressão suficiente no ambiente de trabalho – seja ele presencial ou home office, pois a pandemia não é só na Caixa e estamos perdendo colegas, amigos e parentes há mais de um ano”, completa Vivian.

Entre MO e feedback, esqueça essas ferramentas e apenas agradeça que seu colega está vivo e com saúde, trabalhando na Caixa. Se vier a ser, ou se foi alvo desse tipo de feedback, procure a Apcef/SP (sindical@apcefsp.org.br) ou sindicato de sua região.

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