Depois de ferir as normas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ao cobrar meta de venda de IPO nas agências da Caixa, e criar um sistema de pressão que induziu, e em alguns casos até obrigou, empregados da empresa a adquirirem papéis da Caixa Seguradora, a direção do banco público agora passou a se preocupar com a “qualidade” do trabalho, cobrando documentação para a qual até agora não havia dado importância.

O cenário foi uma bagunça, valia tudo, porém a noite acabou. A gestão do banco parece ter acordado no “dia seguinte”, procurando culpar os empregados, caso encontre algum tigre no banheiro.

Foi gente fazendo empréstimo para investir, correria para cliente fazer Home Broker, sendo que nem sabia para que servia… E muita, muita gente sem perfil investidor colocando economias na Bolsa de Valores, comprando um pedacinho da Caixa Seguradora, sem entender que esse IPO não faria da empresa maior (uma alavancagem por meio de captação de recursos de terceiros), mas, ao contrário, a captação seria usada para pagar IHCD ao tesouro.

Nem mesmo a maioria dos empregados conhecia este detalhe, algo importantíssimo para a tomada de decisão em investir em determinado papel, porém, a pressão para o cumprimento da meta tornou secundária qualquer avaliação neste sentido.

No meio da pressão, e com a carteira de clientes já sendo acionada dias antes, um clipping contendo lista de documentos foi encaminhado, porém sem qualquer alerta, e até mesmo incompleto, por não mencionar que clientes fora do perfil deviam tornar expresso que compreendiam que aquele investimento não era adequado para si, e mesmo assim desejavam aplicar. Azar dos empregados que saíram correndo nos últimos dias para “arrumar” a bagunça da gestão da Caixa.

É importante ressaltar que, sim, a Caixa tem normativo à disposição para todas as atividades desempenhadas pelos empregados, porém, esta atividade (a de oferta de participação em IPO para empregados e clientes), além de fora do escopo de atividades regulares das agências, e considerada antiética conforme duas das instruções da CVM (539 e 400), também não foi objeto de qualquer treinamento da empresa, portanto, é bom que fique claro: é de responsabilidade da Caixa qualquer desdobramento negativo vindo dessa “festa” desorganizada e desesperada promovida por Pedro Guimarães.

“O importante para esta gestão é privatizar a Caixa e, para chegar a este fim, não importa quem fica pelo caminho: sociedade, empregados, empresa, nada! É a qualquer custo mesmo! Mas os represados estão organizados e as entidades estão aqui para defender empresa e empregados desses absurdos”, disse a diretora da Apcef/SP, Vivian de Sá.

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