Após confirmar que está usando os recursos da Caixa para chantagem política, o atual ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, atacou as entidades representativas dos trabalhadores dizendo que elas existem apenas para “proteger privilégios”.

Isso porque o Fórum Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) protocolou nesta quarta-feira (03) uma representação na Comissão de Ética Pública da Presidência da República contra Marun.

No último dia 26 de dezembro, o ministro afirmou que está usando a liberação de empréstimos da Caixa para chantagear políticos a apoiarem a reforma da previdência.

As declarações de Marun são absurdas, mas foram ditas pelo ministro como se a compra de apoio fosse algo normal e aceitável. Marun classifica a prática de concessão de recursos como uma ação de governo pela qual se espera “reciprocidade”. Ou seja, um eufemismo para a velha chantagem.

“Financiamentos da Caixa Econômica Federal são ações de governo. Senão, o governador poderia tomar esse financiamento no Bradesco, não sei onde. Obviamente, se são na Caixa Econômica, no Banco do Brasil, no BNDES, são ações de governo, e nesse sentido entendemos que deve, sim, ser discutida com esses governantes alguma reciprocidade no sentido de que seja aprovada a reforma da Previdência, que é uma questão que entendemos hoje de vida ou morte para o Brasil”, justificou o ministro. 

A banalização dessa prática é um dos maiores legados da gestão Temer, mas que não seria concretizado sem a ajuda da grande imprensa que noticia estas declarações e as “negociações” como algo corriqueiro.

As ações de governo das quais a Caixa realmente faz parte não incluem chantagem. Curiosamente, a utilização do banco para interesses políticos está entre as justificativas do atual governo para a venda de áreas da Caixa. Segundo os entusiastas da privatização, essa conduta ocorreu nos governos anteriores e é a culpada por todos os problemas da instituição financeira e sua venda seria uma forma de acabar com isso.

“A Caixa é a principal ferramenta para a execução de políticas públicas, os maiores programas sociais passam por ela e é para isso que seus recursos devem ser direcionados. O único banco 100% público do país serve ao povo brasileiro e ao desenvolvimento da nação, não aos interesses políticos como se fosse uma moeda de troca. Esta é mais uma prova de como este governo enxerga o patrimônio público e qual é seu plano para a Caixa: usar para chantagem, desmonta-la e vender. Isso sem contar o total desrespeito às entidades representativas que existem para defender os direitos dos trabalhadores, direitos que Temer e seus aliados estão se esforçando para liquidar”, criticou Claudia Tome, diretora da APCEF/SP.

A representante dos empregados da Caixa no Conselho de Administração, Rita Serrano, publicou nota repúdio às declarações de Marun. Leia aqui.

 

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