De banco forte, promotor do desenvolvimento nacional, a Caixa Econômica Federal tornou-se o “puxa-fila” das privatizações brasileiras. É assim que a instituição vem sendo citada na grande imprensa nacional, após os sucessivos anúncios de fatiamento que a atual direção da empresa vem propagando ao mercado financeiro. Manchete de Economia do jornal O Estado de São Paulo traz nesta terça-feira: “Caixa puxa fila da ‘redução do Estado’ e avança no preparo de venda de ativos”.

O texto se baseia nas últimas ações da direção do banco. Além de anunciar a venda de parte das áreas mais rentáveis (loterias, cartões, ativos e seguridade), o banco passou a se desfazer dos ativos de maior liquidez, a participação em outras empresas e fundos, o banco vendeu sua parte no IRB e agora se prepara para desfazer-se de parte da Petrobras.

“A visão de que a Caixa Econômica Federal deve puxar a fila da redução do Estado no sistema financeiro público concentra-se nos setores que imaginam que não dependem do banco. São grupos que não precisam de financiamento habitacional para realizar o sonho da casa própria, mas ignoram que a Caixa está na água encanada, no esgoto tratado e nas obras públicas que melhoram a vida de todo o cidadão brasileiro, independentemente da região ou classe social”, afirma o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira.

A reportagem do jornal paulista informa que essa segunda operação de venda, com a Petrobras, poderá render um volume de recursos de R$ 9 bilhões. Para essa operação, foram contratadas quatro instituições privadas: Bank of America, XP Investimentos, Morgan Stanley e UBS. Tudo será feito a partir dos papéis detidos pelo FI-FGTS, de modo “a esvaziar os fundos governamentais, um por um”. A ideia é aproximar a atuação da Caixa à de um banco de investimento.

“As recentes operações configuram-se como uma mudança de rumo na gestão do maior banco público e social do país, pois atinge uma instituição secular, indutora do desenvolvimento social e econômico”, avalia Ferreira.  A Federação avalia que deter ações da Petrobras, do IRB e de outras participações acionárias tem a relação com a história de atuação da Caixa e de fortalecimento do setor público. Se a venda desses ativos for direcionada para o setor privado, tanto Petrobras quanto o IRB passarão a ser menos públicas após a venda da participação do banco.

A reportagem sobre a Caixa traz ainda que a “desova de ativos” por parte da Caixa mira também a abertura de capital da Caixa Seguridade, holding que concentra as operações do setor no banco. Concluída a reestruturação da área, o próximo passo será o IPO da rede de loterias, a depender do trâmite regulatório.  O de seguros vem na sequência, seguido pelo de gestão de recursos e pela operação de cartões. Serão vendidos ainda imóveis e agências por todo o país.  “Ao entregar as suas partes mais lucrativas, a Caixa perde espaço de mercado e recursos que dão sustentação a diversas políticas públicas. As consequências disso serão, entre outros fatores, a redução de postos de trabalho, o fechamento de agências e a diminuição do seu papel social. Na prática, adota-se a lógica do Estado mínimo, combinando maior liquidez com menor resistência política”.

Para o presidente da Fenae, é fundamental que os empregados e a sociedade em geral defendam a Caixa e as demais empresas públicas.  Ele reforça que essas iniciativas levam a que desapareça, na prática e de forma explícita, o caráter público e social com que foi constituída a Caixa desde 1861, data de fundação da empresa.

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