Entre as entidades representativas do movimento nacional dos empregados da Caixa Econômica Federal, reciclagem e inclusão social são feitas de cuidado, trabalho, capacidade técnica, autonomia, resistência e solidariedade, tendo como princípios norteadores a autogestão, a cooperação, a eficiência, a sustentabilidade produtiva e a viabilidade econômica. Não é lixo, mas oportunidade de cidadania e funciona, muitas vezes, como espaços aptos a proporcionar aprendizagem e experimentação democrática. É uma nova forma de ação social a partir do jeito Fenae de mudar o mundo, com escolhas, condicionantes, processos e tempos definidos.

Desde 2016, considerando os fundamentos do reaproveitamento de materiais descartados, baseados na reintrodução na cadeia produtiva e na preservação do meio ambiente, para melhorar a qualidade de vida das comunidades em situação de vulnerabilidade, a Fenae e as Apcefs desenvolvem uma ação social pela técnica do reuso. Na prática, o modelo é típico da economia solidária e gera lucro e renda para uma cooperativa ligada à Associação Modelando a Vida, com participação exclusiva de mulheres da periferia do Distrito Federal.

Para que isso aconteça, a colaboração do Movimento Solidário, programa de responsabilidade social da Fenae e das Apcefs, tem sido importante e cada vez mais decisiva. As iniciativas são ecologicamente corretas e integram toda uma rede de solidariedade, que se traduz em uma forma pioneira de resistência. As lonas plásticas usadas na sinalização e decoração dos eventos da Fenae são doadas e transformadas em seguida em criativas bolsas e peças de artesanato, as chamadas “ecobags”. Com isso, o trabalho das mulheres da cooperativa brasiliense completa o ciclo da reciclagem, ganha visibilidade e proporciona renda para artesãs vítimas de violência doméstica, abrangendo assim uma cadeia de solidariedade e respeito ao meio ambiente.

Funciona assim: as “ecobags” ou sacolas ecológicas, definidas ainda como produtos sustentáveis, são resistentes e com design diferenciado, confeccionadas com as lonas dos eventos que as entidades representativas promovem, sempre na busca pelo bem-estar do pessoal do banco. O que antes eram banners e tendas dos Jogos da Fenae, Talentos Fenae/Apcef e Inspira, por exemplo, viram bolsas vendidas a preço de custo nas atividades esportivas, culturais e socio-recreativas realizadas país afora. Esses produtos sustentáveis, traduzidos em térmicas, “ecobags”, mochilas, aventais, “sousplat” e porta-pães, viraram febre nas lojinhas do Movimento Solidário. Os recursos arrecadados são doados aos projetos do programa de responsabilidade social das entidades associativas.

É fato que, como resultado direto da parceria com a Fenae e das Apcefs, as artesãs aprimoraram e diversificaram a oferta de produtos sustentáveis, chegando ao ponto de fabricar térmicas de lonas e “ecobags” sofisticados para os mais diferentes eventos. “Somos muito gratas à Fenae, cuja ajuda financeira foi responsável por nos manter na época da pandemia da covid-19, com a compra dos nossos produtos e enviando-os depois para as Apcefs”, conta Margarida Lins, artesã responsável pela cooperativa de mulheres de Ceilândia, região administrativa do Distrito Federal, que atua em parceria com entidades associativas e é ligada à Associação Modelando a Vida.

Tendo esse ciclo da reciclagem como parâmetro, o presidente da Fenae, Sergio Takemoto, afirma que construir uma política estratégica de desenvolvimento para o Brasil, com horizontes de curto, médio e longo prazos, envolve diálogo com múltiplos aspectos de caráter econômico, social, ambiental, político, geopolítico e de gestão pública. “Essas iniciativas contribuem para romper algumas dificuldades impostas às mulheres, possibilitando o desempenho da política de proximidade, essencial para enfrentar o viés multidimensional da vulnerabilidade social”, sustenta.

Segundo Takemoto, a ação social da reciclagem, que gera lucro e renda para a cooperativa de mulheres da Associação Modelando a Vida e para o Movimento Solidário, consolida-se como espaço de diálogo, reflexão e de deliberação coletiva, de modo a favorecer a redefinição da articulação entre as famílias, entidades representativas, setor público/Estado, mercado de trabalho e sociedade civil. Essa articulação, segundo ele, tem relação com diferentes formas de organização e de interesses, pois “a proposta de desenvolvimento, voltada a beneficiários, demanda escolhas”.

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