censo da diversidade

A apresentação de alguns dados do II Censo da Diversidade feita pela Fenaban durante a negociação, na última terça-feira, dia 16, revelou que as mulheres bancárias continuam sendo discriminadas nos bancos. As mulheres recebem 77,9% do salário médios dos homens, apenas 1,5 ponto percentual a mais em relação ao I Censo, realizado em 2008.

A pesquisa contou com a participação de 187.411 bancários, dos 18 bancos participantes, o que significa 41%, dos quais 51,7% de homens e 48,3% de mulheres. No entanto, os dados na íntegra não foram disponibilizados pela Fenaban, pois alegou que, mesmo passados quatro meses desde a realização do II Censo, são parciais e ainda precisam ser concluídos.

Por cálculos efetuados pelos técnicos do Dieese, nesse ritmo de correção das distorções, demorará 88 anos para que as mulheres passem a receber salários iguais aos homens nos bancos. Na região Sudeste a diferença salarial de gênero é ainda maior – demoraria 234 anos para as mulheres atingirem a mesma remuneração dos homens.

Para Deise Recoaro, secretária de Mulheres da Contraf-CUT, essa pequena amostra já permite detectar que não houve alterações significativas nas discriminações de gênero e deixa claro que os bancos continuam a discriminar as mulheres e nenhuma medida efetiva tem sido feita para mudar este quadro. “O mais grave é o fato de que a Fenaban se nega a reconhecer esse quadro de desigualdade e ainda usa de subterfúgios para justificar o que tem acontecido”, critica.

"Os bancos ainda têm a cara de pau de menosprezar esses dados, tentam amenizar a situação, alegando que as mulheres ganham menos que os homens porque ficam menos tempo no serviço e que estariam começando a ingressar nos bancos e fazer carreira, o que não é verdade. Sabemos que, mesmo as mulheres com mais tempo de banco, não têm oportunidades de ascensão profissional e, quando passam a ganhar mais, são as primeiras a serem demitidas", aponta Deise.

Invisibilidade das mulheres negras

Outra grande preocupação é a discriminação da mulher negra, "quase invisível nos bancos privados", segundo a diretora da Contraf-CUT. Os bancos estranhamente não apresentaram esse dado. "Isso leva a crer que, assim como a remuneração, a discriminação por raça continua sendo uma dura realidade no sistema financeiro", ressalta.
O Censo de 2008 mostrou que a categoria continha apenas 8% de mulheres negras, em todo o território nacional. No entanto, embora os dados sobre a população brasileira apontarem para a melhora da escolaridade das mulheres negras, maior qualificação e capacidade de inserção no mercado de trabalho, os bancos privados continuam a barra-las na contratação.
Para os representantes da Fenaban, os dados não confirmam a discriminação nos bancos. Deise espera que ter conhecimento de todos os dados da pesquisa, feita em parceria com a Contraf-CUT, a fim de fazer os cruzamentos e análises possíveis para diagnosticar a realidade da categoria e, a partir disso, construir um plano de ação para acabar com todas as discriminações existentes.

Igualdade de oportunidades

"Já cobramos na mesa de negociação da Campanha Nacional dos Bancários 2014 que a Fenaban apresente medidas efetivas para transformar logo essa realidade, pois é inadmissível que em pleno século 21 as mulheres sejam tratadas nos bancos como trabalhadoras de segunda categoria", salienta Deise. "Não abrimos mão de igualdade de oportunidades na contratação, na ascensão e na remuneração", defende.

Fonte: Contraf-CUT
 

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