Entre os dias 25 e 27 de novembro aconteceu no Instituto Cajamar, em São Paulo, o 3º Encontro Nacional das Mulheres Bancárias, promovido pela Contraf-CUT. O encontro resultou na formação do primeiro Coletivo Nacional de Mulheres que pretende debater e formular políticas para as questões de gênero no sistema financeiro nacional.

Ele será formado por duas representantes (uma titular e uma suplente) de cada federação de bancários, necessariamente pelas dirigentes que estiverem à frente das secretarias que tratam das questões de gênero.

Para a secretária da Mulher da Contraf-CUT, Deise Recoaro, além das federações, o Coletivo também está aberto à participação das companheiras que atuam nessa área nos sindicatos. “Temos uma grande demanda pela frente", disse Deise.

A criação do Coletivo é inédita, já que as discussões sobre gênero vinham sendo realizadas até agora pela CGROS (Comissão de Gênero, Raça e Orientação Sexual), mas não em caráter orgânico. Segundo Deise, o desafio daqui em diante será ampliar a discussão sobre gênero por toda a categoria, criar os coletivos estaduais da mulher, elevar o nível de formação das militantes do tema e formular políticas para a questão das mulheres no sistema financeiro, onde ainda são grande os preconceitos e as discriminações.

O 3º Encontro Nacional das Mulheres foi importante por ter um caráter formativo e organizativo. “Com a contribuição dos palestrantes convidados, foi promovido um rico debate na questão de gênero dentro da perspectiva de classe. Com isso estamos superando a discussão de que a questão de gênero divide a luta dos trabalhadores", avalia Deise.

Transformar a realidade

O último dia do Encontro teve ainda três outras mesas. Na primeira, a vice-presidenta da CUT Nacional, Carmem Foro, fez uma exposição sobre a trajetória da luta de organização das mulheres dentro da central, que no último congresso aprovou a implementação da paridade de gênero na direção, e como ela influiu na conscientização sobre o tema em toda a sociedade.

"Temos uma sociedade capitalista, patriarcal, homofóbica e machista. Essa é a nossa realidade. E nossas entidades acabam reproduzindo o que a sociedade é. O patriarcado e o machismo estão tão culturalmente arraigados que a gente respira isso nos locais de trabalho, nas ruas, nas instituições públicas e também nos sindicatos. E nosso desejo é transformar essa realidade", disse Carmem.

Por fim, a presidenta do Sindicato dos Bancários, Juvanda Moreira, falou sobre a importância da reforma política para ampliar a democracia e a luta das mulheres por igualdade. No Congresso Nacional, dos 513 deputados federais só há 45 mulheres (8%) e no Senado apenas 12 senadoras no total de 81.

"O Congresso Nacional é branco, masculino e conservador. Para mudar isso precisamos participar da luta pela reforma política, implementar cota de participação de gênero, mudar as formas de financiamento para alterar a correlação de forças", propõe Juvândia.
 

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