A reunião junto à Caixa na mesa de quarta-feira, 17 de agosto, não apresentou qualquer avanço. A Caixa, que até então mantinha postura receptiva à parte das reivindicações levadas pelos representantes dos trabalhadores, esteve firmemente posicionada contrária aos interesses dos empregados.

A mesa iniciou com algumas apresentações de dados sobre a Norma Regulamentadora (NR) que regulamenta a NR 17, e cujas mudanças a Caixa entende necessitar espelhar no acordo específico do banco. A Caixa ainda apresentou dados sobre agências digitais e algumas mudanças no modelo, como a diminuição do horário do plantão que finalizava às 18 horas e, agora, é às 20 horas. 

A diretora da Apcef/SP, Vivian Sá, solicitou que os ofícios da Associação direcionados à área pedindo reunião fossem atendidos, o que afirmam que farão nos próximos dias. 

Quanto à “adequação” da NR ao acordo, significaria a supressão da cláusula que se refere a pausa de 10 minutos a cada 50 trabalhados. Os representantes dos empregados argumentam que retrocessos das NRs não limitam quaisquer direitos, não sendo argumento para retirada.

Os empregados da Caixa têm conhecido rol de direitos não apenas na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), mas principalmente com o aditivo à CCT, com questões específicas dos bancários da instituição que, muitas vezes, se tornam vanguarda na conquista de direitos não só dos bancários, mas da classe trabalhadora.

“Nós fomos os primeiros a aceitar o nome social das pessoas, respeitando sua identidade de gênero, em detrimento do que acontecia em todos os bancos e no mercado de trabalho em geral. Também foram aceitos como dependentes no Saúde Caixa os relacionamentos homoafetivos. Nada disso é alcançado olhando para trás, é sempre adiante. Não queremos limitar os direitos dos bancários da Caixa, estamos aqui para resguardar os que foram conquistados a duras penas e ampliar”  ressaltou Eliana Brasil. A fala da diretora executiva da Contraf-CUT veio após a defesa da Caixa de que os empregados detém alguns direitos a mais que a empresa entende que devem ser “igualados” aos dos demais bancários, ou seja, retirar.

A Caixa resolveu apresentar aos representantes dos empregados a supressão de mais cláusulas, desta vez referentes aos tíquetes refeição e alimentação e à limitação do parcelamento de férias em 10 vezes. Na prática, com relação aos tíquetes, quem sair de licença médica por mais de 14 dias perderia o direito neste tempo e outros afastamentos ou faltas também teriam desconto nos benefícios. O parcelamento ficaria limitado a três vezes, conforme CCT. A empresa argumenta, no caso do parcelamento, que a maioria dos empregados não o utiliza em 10 vezes, mas os representantes rebatem que isso não é motivo para retirada, ao contrário, o motivo para retirada da cláusula seria então político e não financeiro.

Vivian Sá pediu a palavra, bem como vários outros representantes na mesa, para apresentar sua indignação após tantas mesas cheias de informação e argumentos: “É estarrecedor que estejamos aqui, após sete, oito rodadas de negociação, nem sei mais quantas, que vocês não tenham trazido absolutamente nada para apresentarmos aos bancários da Caixa. Nada. Falamos sobre PcD, vocês hoje aqui disseram que não se comprometem com nenhuma das cláusulas para os colegas, que estão analisando. Sobre um GT de credenciamento para o Saúde Caixa, não se comprometem. Sobre assédio, vocês haviam sinalizado positivamente, mas agora não. GDP, PLR, caixas e tesoureiros minuto, interaxa, nada! Mas tempo para avaliar os nossos direitos e escolher cláusulas de supressão houve?”, avaliou durante a reunião. 

“A mesa de ontem não foi uma negociação, porque não houve qualquer proposta positiva. A Caixa trouxe um ganha-perde, e ainda colocou em slide azul. A Caixa queria que aceitássemos simplesmente ‘desnegociar’ nossos direitos, não trouxe o que pudesse ser positivo, não houve o que fazer se não rejeitar”, completou a diretora.

“A negociação específica com a Caixa existe para que possamos avançar o patamar de direitos, em relação aos previstos na CLT e na CCT, para que contemplem as particularidades do trabalho dos empregados. Infelizmente, a linha do governo federal, que está sendo seguida pela atual administração na mesa, tem sido a de prejudicar os empregados, ao não trazer respostas aos problemas que apontamos e propor mudanças que degradam a saúde e as condições de trabalho. A hora de valorizar os empregados é agora, e a direção do banco tem a alçada e as condições de atender nossas demandas, e todos nós precisamos estar mobilizados para defender nossos direitos”, avaliou Leonardo Quadros, diretor-presidente da Apcef/SP, ao tomar conhecimento dos resultados da última mesa.

 

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