Quinto passo para desmotivar os empregados e destruir uma empresa pública

A empreitada de provocar o desmonte da Caixa tem utilizado a chamada “verticalização” como uma poderosa ferramenta. É o que mostra a série de reportagens que a APCEF/SP está publicando para detalhar os passos que podem levar ao fim do banco público.

A Caixa mudou o modelo de segmentação dos clientes Pessoa Física, que agora estão agrupados em quatro carteiras. Três serão alvo prioritário de relacionamento e uma (chamada de “gente de valor”) voltada para o “atendimento de varejo”.
Esse é o tal processo de verticalização, que tem impactado diretamente no dia a dia dos empregados. Muitos que prestam atendimento social estão sendo direcionados para a prospecção de clientes de alta renda e para a venda de produtos, repetindo a estratégia das instituições privadas.

Os gerentes de Pessoa Jurídica (PJ) também estão sendo afetados. “Cada agência para ter um gerente com o porte salarial antigo tem que ter uma carteira qualificada de clientes e para cada cliente tem uma pontuação. Eles entram em três tipos de grupos, o somatório tem que dar 300 pontos ou mais. A métrica é muito complicada e injusta”, explicou um empregado. Junto com a reestruturação, este processo faz com que os trabalhadores do banco vislumbrem um futuro difícil.

“Não sei se haverá queda de salário, mas amanhã, se eu assumir uma gerência, farei a mesma coisa que hoje, mas ganhando bem menos. Tenho certeza que essa verticalização vai me atrapalhar bastante e que aqueles que estão na gerência estão com a corda no pescoço para conseguir gerir suas carteiras”, completou.

Em algumas regiões, a situação é ainda mais preocupante. “Só quatro agências na nossa SR têm esses pontos. Até o final de ano é impossível as outras chegarem nos 300. Se não tiver os pontos não tem o cargo. A gente acha que nosso salário aqui, de agência de médio porte, daqui um ano não vai existir mais por causa dessa reestruturação. Vamos cair de nível porque ninguém vai atingir a pontuação, principalmente nas agências pequenas. Essas são as que mais estão sofrendo e não vão conseguir manter-se abertas”, apontou um gerente PJ.

Com isso, os empregados questionam o que será feito com aqueles cujas agências forem fechadas, ainda mais no cenário  atual, de falta de pessoal acentuada pelos dois Programas de Demissão Voluntária deste ano.

Esse cenário faz parte da política que busca adequar o banco ao mercado privado e gera um clima de medo e insegurança. Medo que desmotiva e leva os trabalhadores do banco ao estresse e, consequentemente, ao adoecimento.

Ainda assim, existem empregados que acreditam que esse processo não os atingirá. Será?

>> Leia e assista aos vídeos de todas as matérias da série: 1. Governo retoma projeto dos anos 90 e prepara banco para privatização, 2. Governo não quer melhorar as condições de trabalho na Caixa, 3. Esteja convencido de que metas abusivas são práticas de mercado, 4. É normal que os empregados fiquem doentes, esgotados e estressados, 5. Pode acreditar, terceirização é algo positivo para você!, 6. É certo que o processo de verticalização jamais irá atingi-lo, 7. Reforma trabalhista não irá impactar nos direitos dos empregados da Caixa e 8. Onde o governo quer chegar com o processo de desmonte do banco

 

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