Primeiro passo para desmotivar os empregados e destruir uma empresa pública

A primeira matéria sobre as mudanças implementadas pelo governo na Caixa nos últimos tempos – rumo à privatização – foca nas péssimas condições de trabalho.

Problemas com condições de trabalho são ferramentas no desmonte de qualquer empresa pública. Eles deterioram o cotidiano dos empregados e, consequentemente, a qualidade do atendimento prestado à população.

“Já está esvaziado de empregados, não tem reposição, enxugam custos o tempo todo, tentam repor em cima de tarifas para os clientes, faltam material e estrutura, não é igual alguns anos atrás”, comentou o trabalhador de uma agência. Esta declaração resume os fatores que compõem as más condições enfrentadas pelos empregados, com destaque para a falta de pessoal e de estrutura.

Todo ano, quando chega o período de primavera/verão, as entidades representativas, como a APCEF/SP, recebem um grande número de denúncias sobre o funcionamento de agências sem ar-condicionado, o que por si só já é capaz de transformar a jornada de trabalho em verdadeiro suplício. São recorrentes também denúncias de falta de água, necessidade de reformas e troca de equipamentos.

Recentemente, uma agência da região de Ribeirão Preto estava funcionando em um prédio escorado com suportes e estacas na sua fundação para evitar um desabamento.

Outro exemplo do descaso da direção do banco com as condições de trabalho é o que ocorre com os avaliadores de penhor. No relatório produzido por empresa especializada a partir de pesquisa feita com estes empregados sobre a insalubridade do setor, não faltam depoimentos que apontam estrutura cada vez mais precária.

Mais de 2/3 dos que responderam indicaram que as tarefas do dia a dia (operando no caixa, com clientes e outras tarefas) limita ou impede, na prática, o uso de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual).

“Luvas são próprias para alimento… quando usa com ácido, empapam”, “a área mudou de lugar, mas não mudaram os exaustores”, “tem o exaustor, mas não tem tomada para ligar”, foram algumas das situações descritas pelos avaliadores.

Em um cenário onde há falta de empregados agravada ainda mais por dois programas de demissão voluntária, cumprir com as tarefas e oferecer um bom atendimento à população fica cada vez mais difícil.

E como consequência temos empregados desmotivados, adoecidos, população voltando-se contra os empregados e a Caixa mais próxima de ser vendida.

>> Leia e assista aos vídeos de todas as matérias da série: 1. Governo retoma projeto dos anos 90 e prepara banco para privatização, 2. Governo não quer melhorar as condições de trabalho na Caixa, 3. Esteja convencido de que metas abusivas são práticas de mercado, 4. É normal que os empregados fiquem doentes, esgotados e estressados, 5. Pode acreditar, terceirização é algo positivo para você!, 6. É certo que o processo de verticalização jamais irá atingi-lo, 7. Reforma trabalhista não irá impactar nos direitos dos empregados da Caixa e 8. Onde o governo quer chegar com o processo de desmonte do banco

 

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