Segundo passo para desmotivar os empregados e destruir uma empresa pública

Você está acompanhando a série especial de matérias, produzidas pela APCEF/SP, que relata algumas estratégias adotadas pelo governo para o desmonte do banco público.

O texto publicado na semana passada tratou das péssimas condições de trabalho impostas aos empregados. O segundo passo é convencer os trabalhadores de que metas abusivas são desafios a serem superados a qualquer custo.

O mais impressionante é que  muitos empregados incorporam essa “doutrina” e estão convencidos de que não serão atingidos pelo desmonte. No processo de reestruturação, a Caixa prevê fechamento de agências, extinção de funções e redução do custo da folha de pagamento. Apesar do cenário de catástrofe anunciada, o que ainda se ouve é o seguinte: “as agências pequenas serão fechadas, os colegas destas unidades serão incorporados às maiores e perderão a função. Isso não acontecerá comigo, pois estou em uma agência grande”.

O que muitos ainda não conseguem enxergar é que a Caixa, na atual gestão alinhada à política do governo neoliberal de Temer, visa somente os números apresentados, não importa para a empresa sua experiência, tempo de função, histórico de resultados ou qualquer outro fator que o faça acreditar que está salvo.

O retorno, com ampliação, do programa de Gestão de Desempenho de Pessoas (GDP) é o retrato mais transparente de que a Caixa vai avaliar seus empregados a partir dos resultados apresentados, ou melhor, das metas inatingíveis. Sendo assim, pode-se dizer que há dois caminhos: ou as pessoas vão adoecer, trocar a vida social e familiar pela dedicação total de atingir metas ou vão perder suas funções…

As opções que a Caixa oferece aos seus empregados são cruéis. Acreditar que metas abusivas são apenas exigências de mercado e que devem estar preparados para este cenário são pensamentos da empresa que quer impor a ideia de que só sobreviverão aqueles que se renderem às práticas do capitalismo selvagem e da meritocracia.

Na lógica da direção da Caixa, os empregados devem esquecer a principal função do banco público que é fomentar o desenvolvimento do país com políticas públicas que atenda às necessidades da sociedade como um todo, especialmente para as comunidades mais carentes, com programas de transferência de renda, financiamento à habitação popular, operação de programas de saneamento básico e infraestrutura.

Até quando vamos acreditar que este é o caminho e que práticas de mercado, com metas abusivas, são saudáveis para o que se pretende de um banco público?

>> Leia e assista aos vídeos de todas as matérias da série: 1. Governo retoma projeto dos anos 90 e prepara banco para privatização, 2. Governo não quer melhorar as condições de trabalho na Caixa, 3. Esteja convencido de que metas abusivas são práticas de mercado, 4. É normal que os empregados fiquem doentes, esgotados e estressados, 5. Pode acreditar, terceirização é algo positivo para você!, 6. É certo que o processo de verticalização jamais irá atingi-lo, 7. Reforma trabalhista não irá impactar nos direitos dos empregados da Caixa e 8. Onde o governo quer chegar com o processo de desmonte do banco

 

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