Da Agência Fenae

Os bancários de todo o País partem para a campanha salarial deste ano com o grau de unidade da categoria reforçado. A perspectiva de fortalecimento da capacidade de organização e de mobilização ficou demonstrada na 6ª Conferência Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro.
O evento contou com a participação de cerca de 1.100 delegados e 100 observadores.
Conforme lembrou o presidente da Confederação Nacional dos Bancários (CNB/CUT), Vagner Freitas, até o ano passado o número de delegados à conferência era bem menor, em torno de 400, sendo que a maioria pertencia aos bancos privados. Este ano, “a Executiva Nacional dos Bancários ousou e decidiu fazer a maior conferência de trabalhadores do Brasil”.
Outro fato destacado por Vagner Freitas é que a metade dos delegados é de bancos públicos, “o que consagra a unidade da nossa campanha salarial”.
No ato de abertura do evento, em 5 de junho, foi feito o debate sobre conjuntura com o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Luiz Marinho, e com o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e diretor de Relações Internacionais da CUT, João Vaccari Neto. Participaram também da mesa os representantes de cada uma das federações de bancários que compõem a Executiva Nacional dos Bancários.
Para o presidente da CUT, “a magnitude da conferência dos bancários, com 1.100 delegados de todo o País, representando a unidade e a força dos 400 mil trabalhadores da categoria, é um passo determinante da campanha salarial vitoriosa”.
João Vaccari apontou a unidade da organização e das negociações como o eixo central da campanha salarial deste ano. “Essa conferência reforça a nossa unidade por uma só negociação e um só acordo para todos os bancários” – enfatizou. Vaccari, funcionário do Santander/Banespa, também anunciou seu desligamento, a partir de 7 de junho, da presidência do Sindicato de São Paulo, para dedicar-se exclusivamente à direção nacional da CUT.
Em seu lugar, assume Luiz Cláudio Marcolino, atual secretário-geral do Sindicato, funcionário do Itaú e membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social do governo federal.
O presidente da CNB/CUT, Vagner Freitas, destacou entre os desafios para a campanha salarial de 2004 a consolidação da unidade da categoria bancária, com avanços na mesa única de negociações. “Vamos buscar a recomposição do poder de compra dos nossos salários” – assegurou.

Renda e emprego

A Conferência Nacional dos Bancários discutiu a situação econômica e o emprego bancário. De acordo com o levantamento apresentado pela equipe do Dieese – Ana Carolina (Seeb/SP), Ana Quitéria (Seeb/DF), Yoná dos Santos (CNB/CUT) e Murilo Barella (Fenae) – o lucro líquido dos 11 maiores bancos do País subiu de R$ 1,3 bilhão em 1994 para R$ 13,8 bilhões em 2003.
Já as operações de crédito realizadas pelo sistema bancário brasileiro no mesmo ano atingiram 26% do PIB, enquanto no Chile foram de 64%, Canadá de 80%, Israel de 87%, Coréia do Sul de 107%, Alemanha de 120%, EUA de 141% e Malásia de 146%.
As receitas dos bancos brasileiros com prestação de serviço cresceram 378% entre 1994 e 2003, enquanto as despesas com pessoal cresceram apenas 33% no mesmo período.
Entre 1995 e 2002, a inflação registrada pelo Dieese foi de 148,60%. Neste mesmo período, o reajuste salarial pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) foi de 120,03%, no Banco do Brasil foi de 53,31%, na Caixa foi de 44,42%, no BNB foi de 40,71% e no Basa foi de 52,43%.

Mesas temáticas

Foram debatidas ainda as questões a serem tratadas em mesas temáticas com as representações dos bancos: saúde, terceirização, igualdade de oportunidades, jornada de trabalho e segurança.

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