O governo federal anunciou, na tarde desta quarta-feira (24), as regras para a liberação dos saques das contas ativas e inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

A medida visa atingir 96 milhões de trabalhadores e os saques devem começar já em setembro. O trabalhador poderá sacar até R$ 500 de cada conta de FGTS.

A divulgação vem após diversas declarações de representantes do governo e do próprio presidente, Jair Bolsonaro, sobre a intenção de liberar os recursos do FGTS como medida anticrise.
Inicialmente foi anunciado que os trabalhadores teriam direito a sacar uma porcentagem bem maior do Fundo, o que não agradou o setor da construção civil.

De acordo com o que foi divulgado na grande imprensa, Bolsonaro teria recebido, fora de sua agenda, representantes do setor preocupados com o impacto que a medida traria, já que o FGTS é a principal fonte de financiamento imobiliário.

O presidente do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), Basilio Chedid Jafet, declarou ao jornal DCI que: “o governo que fala tanto sobre a necessidade de um ambiente saudável para se empreender não deveria tomar uma decisão como essa”.

Outro ponto que está sendo amplamente criticado por especialistas é que o objetivo de melhorar a economia do país “ajudando” os trabalhadores a paguem suas dívidas não seria atingido com a medida.

Segundo o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), o brasileiro inadimplente deve, em média, R$ 3.252,70, número baseado em dados de junho deste ano. Ou seja, com o valor limite de R$ 500, a medida cobrirá apenas 15% da dívida do brasileiro.

O próprio educador financeiro do SPC, José Vignoli, declarou acreditar que a tendência será de que a quantia seja gasta com consumo e não na quitação de dívidas. O que até pode trazer certa movimentação na economia, mas de forma efêmera.

Além da liberação deste valor que ocorrerá a partir de setembro, o governo criou o “saque aniversário”.

O trabalhador poderá optar por receber uma parte de seu FGTS, com porcentagem estipulado de acordo com o valor no Fundo, todo ano em seu aniversário em vez de retirar o valor total ao ser demitido sem justa causa.

Caso queira desistir desta modalidade e voltar a poder sacar o valor apenas em caso de demissão, só será possível depois de 24 meses.

É importante lembrar que esse é justamente o motivo de criação do FGTS: uma garantia ao trabalhador para quando estiver sem emprego.

Caixa – Há o rumor de que, para dar conta do atendimento àqueles que irão sacar parte do Fundo, a Caixa poderia suspender o Programa de Desligamento Voluntário (PDV) que está em curso.
A APCEF/SP enviou nesta quinta-feira (25) ofício à direção do banco pedindo esclarecimentos quanto aos rumores e está estudando medidas cabíveis.

Compartilhe: