Da Agência Fenae

Em 15 de outubro, a pretexto de seguirem orientação da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), as direções da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil voltaram a anunciar a intenção de descontar, no salário a ser pago no próximo dia 20, parte dos dias parados durante a greve nacional dos bancários.
A intenção dos dois bancos oficiais é descontar até cinco dias do salário de cada empregado que aderiu à greve, equivalente a um terço dos 15 dias de paralisação relativos a setembro. O movimento da categoria bancária durou 30 dias e foi suspenso em 14 de outubro, em todo o País.
Essa decisão da Caixa e do Banco do Brasil está sendo criticada pela Executiva Nacional dos Bancários, que na semana passada remeteu ofícios à Fenaban e às direções dos bancos públicos, com pedido para que sejam reabertas as negociações da Campanha Salarial Unificada de 2004, inclusive os itens complementares dos empregados da Caixa e do Banco do Brasil.
A Executiva Nacional também considera precipitado o desconto dos dias parados.
Na correspondência que enviou aos banqueiros, a Executiva Nacional dos Bancários reafirma que a negociação é a melhor saída para resolver os impasses trabalhistas de natureza financeira. No caso dos bancos oficiais, a iniciativa da representação nacional dos bancários visa a discutir pontos prioritários como o não-desconto dos dias parados e a abertura de negociações permanentes para as questões específicas, antes do julgamento do dissídio coletivo pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), cuja data indicativa é a próxima quinta-feira, dia 21.
A Confederação Nacional dos Bancários (CNB/CUT) exige que a Caixa e o Banco do Brasil não descontem os dias parados. A posição da entidade está respaldada na tese de que o direito à greve por melhores salários e condições dignas de trabalho está garantido na Constituição e, devido a isso, os bancários das duas empresas não podem ser punidos de maneira precipitada e autoritária. Pendências como essas devem ser discutidas com as entidades representativas dos empregados.
A Fenae também considera autoritária a posição tomada pela direção da Caixa. Além disso, a decisão de receber os empregados que voltam de uma greve longa com anúncio de desconto dos dias parados revela uma enorme falta de sensibilidade política, notadamente por acirrar os ânimos em um momento em que a Campanha Salarial Unificada deste ano ainda encontra-se em aberto.
A direção da Caixa, que durante a greve já havia revelado-se autoritária ao fazer uso do interdito proibitório e ao convocar a polícia para constranger bancários em greve, continua dando mostra de despreparo para tratar com a categoria em momentos de crise.
Suspender a decisão do desconto dos dias parados e aguardar a definição da campanha salarial será um sinal de lucidez. Isto é o que esperamos que aconteça.

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