Edição: 70
O segmento patronal defende a terceirização, inclusive para atividades-fim. A reivindicação foi entregue ao ansioso Michel Temer. É forma de redução de custo de mão de obra, não mais que isso. Se aprovado o princípio, um banco poderia, pode exemplo, terceirizar seu atendimento a clientes. A instituição contrataria uma empresa fornecedora de caixas e gerentes que, sem os mesmos direitos, substituiriam bancários. A Caixa Econômica Federal conviveu com grande número de terceirizados, boa parte dos quais escondendo crachás nas agências enquanto atendiam o público. Esse processo vem se alterando nos últimos anos. A se deve a Temer, agora, a volta ao passado.

Valorizar a negociação coletiva

“Valorizar” a negociação é uma das reivindicações apresentadas pela Confederação Nacional da Indústria a Michel Temer. A pretensão não é apenas dos industriais, mas de segmento patronal amplo. A tal “valorização” se traduz por fazer prevalecer o acordo ou convenção, desde que reduza direitos, destino da grande maioria dos trabalhadores sem condições para o enfrentamento. A Consolidação das Leis do Trabalho deixaria de representar o mínimo, dadas as exceções que seriam reconhecidas na negociação “valorizada”. Bancários da Caixa, apartados da categoria, pois assim impunha a empresa – portanto, isolados em acordo específico – conviveram com negociação sob esse mesmo espírito nos dois governos neoliberais de FHC (1995-2002). Em termos de reajuste, o que representou? Nove anos consecutivos sem ao menos o INPC.

Papel dos bancos públicos

Em 15 de abril, O Valor Econômico, espécie de porta-voz do mercado financeiro, atribuía o divórcio entre o segmento industrial e o governo Dilma ao, entre outros fatores, protagonismo dos bancos públicos na redução das taxas de juros em 2011-2012. Foi, na visão patronal, interferência indevida no funcionamento do mercado (mas os bancos públicos não estão no mercado?!). Em verdade, a presença dos bancos públicos cresce desde a crise de 2008, substituindo o setor privado que, à época, escondia o dinheiro. O governo Temer será chamado a reduzir essa presença. Em fevereiro de 2016, mais da metade dos saldos em operações de crédito se concentrava nos bancos públicos.

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