A Diretoria Executiva da Apcef/SP, Gestão Nossa Luta, seguindo sua linha de apoio à luta de todos os trabalhadores por melhores condições de trabalho, subscreve manifesto de apoio à trabalhadora do Hospital Universitário da USP que – por conta de ações em defesa de melhores condições de trabalho e da segurança dos funcionários do Hospital durante a pandemia, interpretados pela superintendência como atos de indisciplina -, responde processo administrativo com risco de demissão.

A trabalhadora Bárbara Della Torre é dirigente de base do Sindicato de Trabalhadores da USP (Sindusp), o que poderia caracterizar a atitude da administração como prática antissindical.

A Diretoria Executiva da Apcef/SP reitera sua posição em defesa de todos os trabalhadores e da luta por melhores condições de trabalho.

Confira o manifesto completo:

Repudiamos a ameaça de demissão de trabalhadora da saúde
por lutar por condições seguras para atender a população na pandemia

A USP, pela via do Superintendente do Hospital Universitário (HU), Prof. Paulo Francisco Ramos Margarido, abriu processo administrativo disciplinar contra Bárbara Della Torre, trabalhadora do Hospital Universitário e representante dos funcionários no Conselho Universitário da USP. Bárbara, assim como milhares de mulheres trabalhadoras da saúde, esteve na linha de frente durante toda a pandemia para atender a população, que sofre com mais de 575 mil mortes em nosso país. A USP a ameaça de demissão por ter sido parte de uma ampla campanha, levada adiante por dezenas de entidades como o Sintusp, Adusp, Simesp, Coletivo Butantã na Luta de moradores da região, e entidades estudantis, em defesa de condições seguras de trabalho para todas as trabalhadoras e trabalhadores do hospital para que pudessem, nas condições adversas da pandemia, atender à população e defender a vida.

Vendo colegas adoecerem e morrerem por Covid-19, uma campanha pela saúde dos servidores do HU tomou caráter de urgência e envolveu vários setores do HU e da comunidade, incluindo Bárbara. Supostas “provas” levantadas contra ela são declarações em defesa da garantia de EPIs para os trabalhadores do hospital – como as máscaras, que não eram fornecidas para todos durante os primeiros meses da pandemia -, pela liberação dos trabalhadores pertencentes a grupos de risco, como mulheres grávidas, e sua reposição com a contratação emergencial de mais trabalhadores, para permitir a volta do pleno funcionamento do HU e garantir o atendimento da população.

Há também uma alegação de que “saiu do posto de trabalho sem autorização” por 30 minutos, em busca de máscaras para seus colegas. Com isso, é acusada de “mau procedimento, indisciplina, insubordinação, e ato lesivo da honra e da boa fama contra o empregador e superiores hierárquicos”, de “desestabilizar o ambiente de trabalho e causar tumulto”, e foi abertamente ameaçada de demissão por justa causa. Trata-se de um processo de clara perseguição política, com atitudes antissindicais, uma vez que Bárbara, além de representante dos funcionários no CO, é diretora de base do Sintusp, com claro propósito de intimidação e censura.

Essas demandas foram levantadas também por dezenas de parlamentares, intelectuais, por congregações de unidades da USP, e reconhecidas pelo próprio Ministério Público do Trabalho. Portanto, esse ataque a uma trabalhadora da saúde, militante de base do Sindicato de Trabalhadores da USP, atinge todas e todos que apoiam não somente a defesa de condições seguras para trabalhar e para oferecer atendimento de saúde a toda a população, mas também a defesa da liberdade de expressão, pensamento e organização.

Assim, repudiamos veementemente este processo, a tentativa de qualquer punição, e nos manifestamos para que a reitoria da USP e o superintendente do HU-USP providenciem sua imediata anulação.

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