Na última quinta-feira, 23 de abril, os empregados da Caixa foram surpreendidos por mais uma novidade apresentada pela diretoria do banco, capitaneada por seu presidente Carlos Vieira: o contrato com as empresas de serviços terceirizados para telefonistas das unidades da Caixa será rescindido. Ao tomar conhecimento do fato, a Apcef/SP encaminhou ofício à vice-presidência de Logística (Vilos), para realizar uma reunião para tratar do assunto, que tem reflexos para todos os empregados das unidades afetadas, além, é claro, dos trabalhadores que prestam o serviço de telefonista para a Caixa.

Em conversa com representantes da Caixa, a informação de que a diretoria, sob o comando de Carlos Vieira, tomou a decisão de rescindir os contratos de prestação de serviços com as empresas que terceirizam telefonista para o banco foi confirmada. Em relação aos prazos para implementação da alternativa (que seria o atendimento centralizado, através do TeamsPhone) e desdobramentos da decisão para as unidades, os representantes do banco não apresentaram informações.

Chama a atenção o fato de as unidades terem sido comunicadas da decisão, sem que haja um preparo e um detalhamento claro de como seguirá o atendimento das unidades. Pelas informações prestadas, a falta de cuidado transborda os desdobramentos que os empregados das unidades afetadas e os clientes sofrerão: os trabalhadores das empresas prestadoras de serviço, muitos deles na Caixa há anos, deverão ser repentinamente desligados com a medida, e tomaram conhecimento do fato há menos de uma semana do Dia do Trabalhador. O fato reflete o respeito (ou falta dele) da direção do banco e de seu presidente, Carlos Vieira, com os trabalhadores. À eles, representante da diretoria sugeriu que fossem encaminhados ao Sebrae, para que busquem requalificação.

Parece incoerente que o presidente do banco, Carlos Vieira, tenha comemorado a criação da futura Fundação Caixa (cujo objetivo declarado seria fomentar a redução das desigualdades sociais, e que será financiada com recursos do banco público), e esteja à frente da decisão que resultará no desligamento de 3 mil pessoas. O efeito desta decisão será ampliar a base de assistidos por esta futura Fundação, tão celebrada por Carlos Vieira.

Em que pese a necessidade da busca de melhoria da eficiência operacional do banco e a mudança de hábitos dos clientes, que contam com mais canais para relacionamento com as unidades, não há agência em que a(o) telefonista esteja ocioso. Além disso, o processo poderia ser conduzido de outra forma, mais planejada e paulatina, inclusive avaliando a possibilidade de realocar as pessoas. Segundo informações recebidas pela Apcef/SP, há contratos que foram firmados há menos de dois meses (enquanto a implementação da centralização já era discutida), e que agora serão rescindidos. Certamente, a ausência dos(as) telefonistas será muito sentida pelas unidades. Ainda sobre a necessidade de cortar despesas para aumentar a eficiência operacional, aparentemente a diretoria está fora desta conta, já que, após Carlos Vieira assumir a presidência do banco, seus bônus aumentaram 184%.

É inaceitável que a diretoria da Caixa alegue estar preocupada com os trabalhadores das empresas terceirizadas, e que aponte como solução à estas pessoas seu direcionamento ao Sebrae, para realização de cursos de requalificação profissional. A diretoria da APCEF/SP insiste que a implementação da centralização do atendimento telefônico seja suspensa, para que sejam construídas alternativas para atenuar seus impactos para todos os envolvidos, e está estudando ações para buscar evitar ou mitigar os impactos da decisão.

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