A greve nacional dos bancários surpreende pela força e amplitude alcançadas. O movimento paralisou 9.090 agências e vários centros administrativos de bancos públicos e privados até ontem (dia 10), segundo balanço divulgado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT).

A greve atinge os 26 estados e o Distrito Federal. Nas manifestações e nas assembleias desta segunda-feira, o que se viu foi muita disposição de luta, capacidade de organização e unidade da categoria. O objetivo das atividades realizadas é o diálogo com a sociedade. Há bases sindicais, por exemplo, como a do Ceará, que percorreu as ruas de Fortaleza com ato de protesto e denúncia da indecência dos bancos. O ato cearense contou com manifestantes mulheres e homens seminus, a simbolizar a exploração de trabalhadores e clientes pelos banqueiros.

Em Brasília, a criatividade também corre solta. Dois diretores do Seeb/DF, entre os quais o presidente da entidade, Rodrigo Britto, estão acorrentados em frente a uma agência bancária do centro financeiro da cidade, estando dispostos a ficarem nessa condição até arrancarem a retomada das negociações e a apresentação de uma proposta decente, que ponha fim à paralisação. No local, inclusive, foi montado acampamento e os dirigentes sindicais irão permanecer em vigília, mesmo durante a noite.

Em Porto Alegre, o protesto dos bancários deu cartão vermelho para os banqueiros, com o apoio da população. Foi encenada a peça “Bancário não é sopa”, com crítica veemente à ganância dos bancos.

Para fortalecer a greve ainda mais, o Seeb/SP conclama os bancários paulistas a vestirem-se de vermelhos e protestarem em ato na Praça da Patriarca, dando uma resposta contundente à intransigência e silêncio dos banqueiros.

É certo, aliás, que os protestos realizados pelas bases sindicais país afora revelam a indignação diante da falta de negociações e de uma proposta decente para a categoria. Os atos contestam também o uso de práticas antissindicais contra o direito legítimo de greve, como os interditos proibitórios e a divulgação de informações falsas para intimidar os bancários. Até helicópteros para transportar trabalhadores estão sendo utilizados pelos bancos, o que só demonstra que a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) pouco se importa com seus trabalhadores ao tentar impedir a ocorrência de protestos e paralisações.

A greve nacional dos bancários prossegue nesta terça-feira, dia 11, em todo o país. O Comando Nacional dos Bancários orienta as entidades sindicais a intensificarem a mobilização, "a fim de que a greve continue no seu ritmo de crescimento pelo Brasil, com cada vez mais força e perspectiva de vitória".

Fonte: Fenae Net
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