Muitos estão comemorando o lucro recorde anunciado pela Caixa nesta terça-feira, dia 27 de março, de R$ 12,5 bilhões em 2017. No entanto, uma análise mais cuidadosa mostra que, na verdade, não há muito o que se comemorar.

O balanço de 2017 contém números que explicam como o banco alcançou este lucro. Um deles é a diminuição no quadro de empregados. Os dois programas de demissão que ocorreram ano passado foram responsáveis por 7.324 empregados a menos no banco. Agências também entram na conta, 18 foram fechadas, além de menos 55 lotéricos e menos 1.737 correspondentes Caixa Aqui. Isso tudo acompanhado de um crescimento de número de clientes que agora chegam a 88 milhões.

As demissões estão dentro das despesas com pessoal, que em 2017 foram de R$ 23.871 bilhões, crescimento de 7,4% em relação ao ano anterior (PLR inclusa). Porém, somente a receita de prestações de serviços e tarifas, que cresceu 11,5%, cobre esse valor com folga: foram R$ 25 bi.

O resultado desse cenário vai além do lucro e é bem conhecido pelos trabalhadores do banco. Acumulo de função, adoecimento e queda na qualidade do atendimento ao público são algumas das consequências. O que tem levado até à paralisação do atendimento em diversas unidades no horário de almoço ou mesmo um dia inteiro. (link)

Redução no crédito

A carteira de crédito sofreu queda de 0,4% nos doze meses. A queda foi registrada na carteira comercial Pessoa Física (-8,6%) e Jurídica (-23,1%). E apesar de crescimento de 6,3% na carteira de habitação a Caixa vem perdendo nas contratações neste setor.

Segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança, a Caixa foi ultrapassada por Bradesco e Santander. Uma amostra da política do atual governo que busca “desacelerar” o banco público e abrir espaço para o setor privado.

Saúde Caixa

Outro responsável pelo recorde é o limite no teto do Saúde Caixa. O limite de 6,5% da folha de pagamento como teto de gastos com o plano foi aprovado em “assembleia” em dezembro de 2017. O que gerou R$ 4 bilhões na reversão de provisões que consta no resultado recorrente.

Nas notas explicativas do balanço o valor que aparece como redutor nas despesas é de R$ 5,60 bi.

Mais um número “conquistado” em cima de um ataque aos direitos dos empregados. Em entrevista concedida nesta terça-feira, Gilberto Occhi, atual presidente da Caixa, declarou que não acredita que o teto no Saúde Caixa represente redução de benefícios aos usuários. O que os empregados sabem que não é verdade.

O modelo de custeio onde os usuários arcam com 30% da despesa e a Caixa 70% era totalmente viável. Já o novo poderá inviabilizar o plano à medida que vai jogando os custos para os empregados.

Compartilhe: