Associação recebe denúncias de irregularidades e envia ofício à presidência da empresa cobrando providências em relação à segurança bancária

A paralisação dos vigilantes na cidade de São Paulo tumultuou a rotina dos cidadãos. Em greve por dois dias, em 3 e 4 de junho, os seguranças fizeram muito barulho – literalmente, com um “apitaço” – para que suas reivindicações fossem atendidas. A categoria pedia aumento salarial de 13,5%, ante os 5,9% oferecidos pelos empresários, 30% de adicional de risco e o aumento de R$ 5 para R$ 10 no valor do tíquete-alimentação.
A greve entraria no terceiro dia, mas, na noite de 4 de junho, o Sindicato dos Vigilantes de São Paulo decidiu encerrá-la. Estava previsto para as 15 horas de 5 de junho – após o fechamento desta edição do jornal – o julgamento do dissídio da categoria, no Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo (TRT-SP). Caso os vigilantes não prestassem seus serviços normalmente, o Sindicato estaria sujeito ao pagamento de multa diária no valor de R$ 10 mil por agência bancária ou órgão público que deixasse de funcionar em razão da falta de vigias.

• O reflexo da paralisação
Muitos clientes não entenderam a relação entre a greve e o fechamento das agências, principalmente porque nem todas pararam. “É um absurdo que, logo no início do mês, quando as contas começam a estourar, aconteça essa confusão por uma greve que nem é da categoria bancária” – era o tipo de comentário ouvido em frente às agências.
Com a ausência dos vigilantes de seus postos de trabalho, as instituições financeiras foram obrigadas a suspender o atendimento aos clientes, com base na Lei Federal 7.102/83, que trata da segurança bancária. A Federação Brasileira de Bancos (Febraban), entretanto, declarou os dias como normais, inclusive para pagamento de contas. Apesar de as lotéricas fazerem o serviço e de haver atendimento automático por telefone, os bancos precisam efetivar as transações.
“A situação dos vigias relaciona-se diretamente com a dos bancários, afinal, garantia de segurança é fundamental para condições mínimas de trabalho em qualquer empresa. E a falta de uma política de segurança eficiente é histórica na Caixa. O apoio dos empregados de instituições financeiras à categoria dos vigilantes é muito importante. Não podemos ficar a mercê dos bandidos e devemos dar um basta ao descaso da Caixa” – disse o diretor-presidente da APCEF/SP, Sérgio Takemoto.

• Desobediência
A Caixa Econômica Federal, mais uma vez, adotou uma atitude nada justa. A APCEF/SP recebeu denúncias de diversas unidades que abriram as portas sem o número mínimo de guardas previsto por lei e de gerentes gerais que usaram a política da Superintendência Regional e convocaram os empregados a cumprir a jornada de trabalho sem a presença de um vigilante sequer. Representantes da Associação estiveram em agências que apresentaram problemas para exigir a regularização.
A Representação de Segurança (Reseg/SP), responsável pelas agências da Caixa, havia determinado que as unidades deveriam ter pelo menos um vigia para que os empregados pudessem ficar no local de trabalho. “Mas os funcionários sairão mais cedo, todos juntos, às 17 horas, quando ainda está claro” – justificou a gerente geral de uma agência no centro da capital que descumpria a orientação.
No caso das agências fechadas ao público, foram fixados avisos sobre o motivo do não-funcionamento, confirmando que, na unidade, não havia seguranças por conta da greve. Os empregados estavam ainda mais vulneráveis, pois as portas de vidro não deixaram dúvidas de que havia pessoal em serviço: era possível ver as luzes acesas e a movimentação no fundo da agência.
As medidas tomadas pelos gerentes gerais, consideradas seguras, consistiam em afastar as mesas para trás e concentrar os empregados no andar superior. Ainda assim, os clientes, com pleno acesso à área do auto-atendimento, podiam ver os funcionários e batiam na porta para obter uma explicação.

• Ofício
Diante dos problemas verificados pela APCEF/SP, a diretoria da Associação enviou, em 4 de junho, ofício à presidência da Caixa Econômica Federal cobrando providências para que as agências não funcionassem irregularmente durante a greve dos vigilantes.
O documento enfatizou a gravidade do descumprimento da lei e o perigo de o banco exigir dos empregados a realização de serviços internos, colocando em risco a segurança deles e a de clientes.
A Associação ressaltou, ainda, a necessidade de a Caixa abonar as faltas de empregados que se ausentaram durante a greve.

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