Os empregados da Caixa Econômica Federal têm tradição em deflagrar movimentos nacionais fortes, amplos e unificados. Tudo começou há exatos 32 anos, em 30 de outubro de 1985, quando foi realizada uma greve histórica de 24 horas, com adesão de praticamente 100% nas agências e unidades de todo o país. Essa paralisação, no âmbito do banco, inaugurou um novo ciclo de mobilizações permanentes.

Até então, os empregados da Caixa eram conhecidos apenas como economiários. E foi com base nessa injusta discriminação que surgiram as principais reivindicações da greve de 1985: a jornada de seis horas e a condição de trabalhador bancário, com direito à sindicalização. E a Fenae, que havia sido criada em 29 de maio de 1971 se orgulha de ter sido uma das entidades protagonistas neste processo.

“Na greve que foi um marco no calendário de luta dos empregados da Caixa, nossa categoria mostrou exatamente o que tem mostrado ao longo de todos esses anos. Que quando existe unidade, apesar das diferenças, a busca por conquistas fica um pouco mais fácil. Há situações em que avançamos mais e outras em que avançamos menos. O mais importante de tudo isso é que a luta não pode parar, em defesa do Brasil, dos direitos dos trabalhadores e da própria Caixa 100% pública”, diz o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira.

A greve pelas seis horas foi construída a partir da mobilização dos auxiliares de escritório, que buscavam ser enquadrados como escriturários na carreira técnico-administrativa, criada com o propósito de reduzir salários. O país vivia os anos finais da ditadura militar, sob o governo João Batista Figueiredo.

As atividades atribuídas aos auxiliares de escritórios eram basicamente as mesmas dos escriturários, mas o piso para a nova função correspondia à metade do salário de ingresso previsto no Plano de Cargos e Salários (PCS). A situação era idêntica à que ocorreu sob o governo Fernando Henrique Cardoso, quando houve uma mudança no PCS e criou-se a função de técnico bancário, com salários inferiores aos de escriturários.

“A exemplo da aspiração que moveu lá atrás os auxiliares de escritórios, hoje os empregados da Caixa se articulam em diversas frentes para erguer a bandeira em defesa do banco 100% público, com base no princípio de que defender a Caixa, como de resto outros bancos e empresas públicas, é defender o Brasil. Esse caminho, além de necessário, urgente e vital, é o mais eficaz para combater os planos do governo federal com vistas a enfraquecer ou privatizar a empresa”, acrescenta Jair Ferreira.

A greve de 30 de outubro de 1985 deixou um legado importante: a certeza de que a mobilização é indispensável para que a Caixa não deixe de ser o banco da casa própria, do saneamento básico, da poupança, do Fies, do Bolsa Família e dos municípios. Isso só será possível com a manutenção do seu caráter 100% público, sendo fundamental que empregados e população se unam em defesa da Caixa.

Trinta e dois anos depois, a comemoração nesta segunda-feira (30) de uma greve histórica integra todo um esforço de uma vitalidade da resistência, abrindo uma esperança de um novo ciclo de lutas para derrotar o desmonte do patrimônio público, na Caixa e no Brasil.

 

Fonte: Fenae.

 
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