Na atual conjuntura do país, com o patrimônio público e os direitos dos trabalhadores em risco em meio a uma pandemia de graves proporções sanitárias, econômicas e sociais, unidade e resistência são fundamentais para reafirmar a mobilização por mais empregados para a Caixa e por mais Caixa para o Brasil. Este é o espírito do manifesto em defesa da contratação imediata de mais trabalhadores para suprir a carência de pessoal nas unidades da Caixa Econômica Federal, divulgado pela comissão independente de aprovados no concurso público de 2014 do banco.

Esse manifesto se soma às mobilizações da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), do movimento sindical e da sociedade por mais contratação de empregados na Caixa, tendo ainda o propósito de abrir o diálogo com a população brasileira, o Congresso Nacional, instituições públicas e privadas e com órgãos representativos de classe, com vistas a ampliar a luta contra a privatização do único banco 100% público do país e de outras estatais.

O texto, além de cobrar mais contratações, manifesta preocupação quanto à política de redução no número de empregados sem a devida e necessária reposição de vagas, que vem sendo implementada nos últimos anos pela gestão Pedro Guimarães, ao mesmo tempo que rechaça o argumento sob o qual se justifica que “a convocação dos aprovados ocorre de acordo com a disponibilidade orçamentária e necessidades estratégicas”.

No documento, a comissão independente de aprovados denuncia que um dos efeitos dessa política na Caixa, atualmente, é um déficit de 20 mil empregados, “realidade bem diferente da vivenciada em 2014, quando a instituição realizou, com a promessa de muitas contratações, um dos maiores concursos públicos do país. “Foram quase 1,9 milhão de inscritos, dos quais 32.879 aprovados”, destaca. Essa situação de retrocesso é classificada de inaceitável em um banco essencial para o país, parceiro estratégico na execução de políticas públicas de assistência social e distribuição de renda.

O manifesto recorda que, por conta do baixo aproveitamento do cadastro de reserva, foram ajuizadas três ações civis públicas, o que gerou a suspensão do prazo de vigência do concurso de 2014, que segue indeterminado. Também consta do texto o relato de que chama a atenção do país a perspectiva da redução do número de empregados que vem acontecendo desde a realização do certame em 2014, quando a Caixa chegou a contar com mais de 101 mil trabalhadores, ampliando essa carência de pessoal em 2020 por meio de programa de desligamento voluntário extraordinário (PDVE), em um momento de pandemia no qual a Caixa incorporou novos programas assistenciais, a exemplo do auxílio emergencial.

“A consequência desse baixo aproveitamento do número de aprovados, evidentemente, se reflete no atendimento prestado à população e nas condições de trabalho a que o banco tem exposto seus colaboradores, que têm adoecido devido à sobrecarga de atividades, haja vista que o volume de pessoas a serem atendidas é significativamente maior que o número de empregados para atendê-las”, lembra o documento, destacando que  o número de empregados é proporcionalmente pequeno para atender ao volume de pessoas que necessitam da Caixa.

Na prática, mesmo com o anúncio recente de contratação de 7,7 mil trabalhadores para o banco, feito pela gestão Pedro Guimarães, o texto da comissão independente de aprovados denuncia que o contingente de bancários existentes hoje é submetido a cenários de muita precariedade, com jornada extenuante de trabalho, cobrança desumana de metas e até abertura das agências aos sábados.

A comissão independente de aprovados conclui seu manifesto reafirmando que a função e o dever da Caixa é assistir à população mais carente e em condição de vulnerabilidade social, “daí a justificativa para a presença de agências em locais de difícil acesso ou em praças nas quais não existem outras instituições financeiras, por não serem viáveis do ponto de vista comercial”. O texto também lembra que apoiar o povo em suas demandas deve continuar a ser o maior objetivo do banco público.

Por isso, segundo o documento, preocupa o enfoque agressivo, em termos de participação no mercado, que a Caixa tem apresentado nos últimos anos, o que pode ser entendido como um desvirtuamento de suas funções. “Não que lucrar seja o problema. O que não pode acontecer é uma instituição que é 100% pública colocar os seus objetivos comerciais acima dos interesses da população. É preciso, portanto, investir na reposição do quadro de empregados do banco. Conclamamos a sociedade brasileira e o Congresso Nacional para que se unam às entidades representativas na defesa da Caixa, porque defendê-la é fortalecer o que existe de mais valioso no país, que é a nossa gente!”, conclui.

Luta por mais contratações é histórica

A Fenae, a Contraf/CUT e as demais entidades em defesa da categoria vêm atuando fortemente pela urgência do início do processo de contratação de mais empregados para o banco. A avaliação é de que 2.113 – 2.766 empregados – já incluídas as 566 contratações em andamento, 1.162 estagiários, 2.320 vigilantes e 1.456 recepcionistas -, anunciado recentemente pela direção da empresa, não supre o déficit de bancários, que chega a quase 20 mil empregados.

O presidente da Fenae, Sergio Takemoto, afirma que o contingente de 2.113 mil novos empregados é resultado de muita pressão e cobrança dos empregados e das entidades sindicais e associativas, embora esse número de contratações seja ainda insuficiente. Ele recorda que, desde 2016, a Caixa vem diminuindo o quadro de empregados, ao mesmo tempo em que há o registro de aumento do volume de clientes e de operações, somado ao crescimento do número de agências. “A chegada de novos trabalhadores é urgente e necessária, já que os empregados estão sobrecarregados pelo excesso de trabalho e pela pressão por metas desumanas. Para que a Caixa continue a prestar um bom serviço à população, é preciso contratar muito mais. E existe uma fila de concursados aguardando convocação”, completa.

Confira o manifesto na íntegra

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