“Lembro daquele abraço gostoso de todo fim de tarde.

Ele passava aqui, pegava o menino, contava um pouco do seu dia. Eu dava um beijo no menino, que sorria, piscava o olho e dizia: até amanhã, vovó.

Ficava do portão olhando, admirava-os até dobrarem a esquina.

Assim eram os dias. Tudo parecia tão normal, simples e rotineiro.

Agora, o menino não vem mais, nenhum dos dois vêm.

Não tem abraço nem aquele beijinho melado.

Outro dia, eles ficaram da calçada jogando beijos com as mãos, e eu na janela.

Percebi que aquela rotina, que às vezes era tão automática e cansativa, é o maior tesouro da vida.”

Esta é uma das tantas histórias de amor vividas em tempos de distanciamento social e proteção à vida.

E, assim, vamos nos adaptando a um novo normal, sem perder a emoção, a magia, a doçura. Beijos à distância, abraços virtuais, bate papo pela tela do celular, reuniões de trabalho, comemoração de aniversários, celebração de nascimentos ou para juntar a família… tudo on-line.

A sensação é de que o amor aumentou dentro do peito, os dias passam lentamente, a rua está mais silenciosa, o céu mais azul e o mundo pediu pra gente repensar.

Algumas reflexões já começam a brotar: qual o impacto das nossas atitudes para o planeta? Como vamos interagir após a pandemia?

Enxergamos a necessidade de inovar repertórios, comportamentos e hábitos para a criação de um mundo novo, com mais respeito, aprendizados, amor. Nossas mentes e corações se enchem de esperança e da crença de que seremos capazes de construir novas pontes, novas passagens.

Livros, músicas, filmes, documentários, entretenimento, tecnologia e culinária são as novas companhias diárias. Muitos estão sintonizados, ainda mais, com ações solidárias.

Parece que estamos adubando uma terra com seres mais generosos e caridosos.

Vamos buscar propósitos que nos conectem, fortaleçam e nos religuem a um mundo melhor, com mais empatia.

Este é o momento de cuidar uns dos outros para que logo possamos olhar para trás e lembrar que dizíamos: “Vai passar”…

E realmente passou e parece que a Terra se curou.

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