Passados 23 anos em que a Fundação dos Economiários Federais (Funcef) investiu em ações da Vale – a maior produtora de minério de ferro do mundo, os impactos desta ação e seu histórico nos planos da Fundação ainda é uma incógnita para os participantes da Funcef.

De acordo com Fabiana Matheus, diretora de Saúde e Previdência da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), a maior concentração de investimentos da Funcef na Vale está no Reg Replan saldado e não saldado e os impactos que isto representa para os planos dos Fundos de Pensão não são de amplo conhecimento dos participantes. “Dada a importância da Vale na carteira de ativos da Funcef, qualquer informação referente a este investimento deveria ser amplamente debatida com os participantes. As condutas da Fundação quanto à Vale determinam os rumos dos resultados dos planos de benefícios em especial Reg Replan e o que está em jogo é o nosso futuro”, avaliou Fabiana.

Vale é determinante no resultado dos planos Saldado é Não Saldado – “Para o bem ou para o mal, a Vale é determinante no resultado do Reg Replan saldado e não saldado. Vale ressaltar que um dos fatores de déficits em 2014, 2015 e 2016 foi exatamente a desvalorização do minério de ferro e consequente queda nas ações da Vale; e que os superávits de anos anteriores também foram influenciados por esse investimento”, destacou Fabiana.

É importante lembrar o momento em que a Fundação comprou as ações da Vale. Em 1997, no governo do FHC, a principal empresa estratégica brasileira no ramo da mineração e infraestrutura foi privatizada. Em um leilão considerado criminoso, a privatização foi consumada sem debate com a sociedade, ignorando um plebiscito popular e ainda fragilizando a soberania nacional.

Já no início do ano 2000 e durante o governo Lula, a mineradora se expandiu internacionalmente e se consolidou como a maior produtora global de minério de ferro e a segunda maior mineradora do mundo.

Resultado do balancete do 3º trimestre – De acordo com os resultados divulgados pela Funcef, o Reg/Replan Saldado e Não Saldado superaram a meta graças, principalmente, ao ganho com o Fundo Carteira Ativa II, onde se contabiliza a participação na Vale S.A., que foi de 47,64% de janeiro a novembro. Ou seja, o resultado do ano passado não passa por nenhuma ação espetacular da atual gestão, pois a recuperação está ancorada pelo principal ativo da Funcef. Contudo, estes planos somam perdas desde 2017 e somados todos os planos de benefícios da Fundação o saldo negativo ainda é expressivo, na ordem de R$ 4,509 bilhões.

Falta transparência – Diante da falta de transparência, a Fenae enviou ofício à Funcef, na época, perguntando quais eram os ativos revisados e porque a fundação não avisou aos participantes que o saldo de dezembro poderia ter o percentual revisto? E, por conta de a revisão ter diminuído o saldo, os participantes que pediram aposentadoria ou fizeram resgate com base nesse número serão impactados?  
“É imprescindível que os participantes tenham as respostas para os inúmeros questionamentos sem respostas”, pontuou Fabiana.

Precificação da Vale – Sem respostas – Outro ofício encaminhado pela Fenae à Funcef, foi no dia 21 de janeiro deste ano. Diante dos questionamentos dos participantes nas redes sociais sobre possível mudanças na metodologia atual de precificação da Vale, a Federação solicitou explicações sobre a efetiva revisão da metodologia e, em caso afirmativo, quais serão as mudanças e os impactos para os participantes.

Onde estão as respostas? Após mais de duas décadas em que a Funcef iniciou o investimento em ações da Vale, os participantes continuam sem muitas informações. A condução das negociações da Vale na carteira de ativos da Funcef passou por altos e baixos, contribuindo para superávits e déficits e os participantes precisam ser inseridos nas discussões que permeiam o seu importante patrimônio, com total acesso às informações, investimentos e resultados.

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