Depois de sete meses de muita negociação e pouca transparência da direção da Caixa, finalmente começam a evoluir, na prática, as conversas para destinação do superávit do plano Saúde Caixa.

Em reunião no último dia 15, a representação dos trabalhadores apresentou ao banco proposta para implantação de remoção (ambulâncias) no plano; a criação de programas de promoção de saúde – em especial para doenças crônicas – que alcancem também os dependentes dos empregados que fazem parte do Saúde Caixa; e a redução da coparticipação dos empregados no plano que cairia de 20% para 15%. O banco aceitou discutir as propostas.

“Inicialmente cobramos que esta pauta fosse discutida e aplicada até 1º de julho deste ano, mas o banco pediu mais tempo, pelo menos até 1º de janeiro de 2016”, explicou o representante da Contraf-CUT no GT Saúde Caixa, Plínio Pavão.

Desde o fim de outubro do ano passado, o grupo de trabalho formado por representantes dos trabalhadores reúne-se com a direção do banco para a formatação de um plano que defina como será usado o dinheiro que sobra nas contas do Saúde Caixa.

Lentidão
O banco então comprometeu-se a ceder dados para a construção de uma proposta com este fim. Porém, o que se viu nas reuniões foi a lentidão da Caixa em fornecer informações. Só agora, depois de vários adiamentos e do ultimato dos representantes dos empregados, é que o banco divulgou parte das informações solicitadas.

“Contratamos técnicos para elaborar um plano que atendesse plenamente aos interesses dos usuários, mas para isso era necessário que a Caixa fosse transparente com os dados de funcionamento do plano. Infelizmente ela divulgou o mínimo possível e prejudicou o trabalho”, lamentou Plínio.

“O banco deixou de fornecer, por exemplo, a distribuição da massa de usuários do Saúde Caixa por faixa etária, dado essencial para saber o tamanho do plano”, completa.

Agora, com o avanço nas negociações, o GT Saúde Caixa será ampliado, com a participação de técnicos de ambos os lados (Caixa e empregados), para aprofundar as discussões sobre as três propostas até o dia 31 de julho.

Histórico
Nos últimos sete exercícios, o Saúde Caixa registrou superávits da ordem de R$ 70 a R$ 90 milhões/ano. Até 2014, a cifra acumulada chegava a R$ 570 milhões, segundo dados da própria Caixa. Para se ter uma ideia, o custo assistencial do plano é atualmente cerca de R$ 900 milhões/ano. Portanto, o superávit acumulado é da ordem de 63% do valor.

“É inaceitável esta postura da Caixa porque ela está desrespeitando o acordo coletivo que prevê a revisão em benefícios para o plano quando este apresenta saldo superávitário”, denunciou a diretora da APCEF/SP Ivanilde de Miranda, integrante eleita do Conselho de Usuários do Saúde Caixa.

Nesta quarta-feira, dia 20, o Conselho de Usuários do plano reúne-se para a segunda reunião do ano.