Por Jerry Fiusa, presidente da Apcef/RO e diretor da Fenae

Eu já nem sei mais o que é uma coisa ou o que é outra! O que posso afirmar apenas é que: não se terceiriza luto, muito menos luta.

Luto é quando a realidade nos vence e precisamos seguir adiante. Luta é quando enfrentamos a realidade.

Vivemos há muito sombreados pela realidade da desqualificação do que é público, da vilanização de empregados e das crescentes cobranças por resultados que estão longe de cumprirem a função social primeira da Caixa.

Vivemos tempos tão sombrios que nos têm sido negado o direito ao pesar, são tantas perdas que a desumanização nos bate à porta da serenidade, nos tira noites de sono e nos enche de angústia. A cada passagem de olhos nos aplicativos de mensagens nos deparamos, muitas vezes, com verdadeiros obituários. Não, nossas vidas não se resumem a bater metas e a atender com maestria toda uma população, em sua maior parte composta por vulneráveis, que se caracterizam pela propensão ao consumo. Sim, ao consumo. Aqueles que consomem tudo o que ganham, que comem o que ganham!

A luta se confunde com o luto na medida em que não são terceirizáveis! As causas justas somente se tornam realidades no campo do enfrentamento com a legitimidade dos empregados. É preciso que não aceitemos a realidade para podermos lutar e termos a possibilidade de mudá-la. Não! Esse luto de aceitar que a CAIXA seja desmontada, fatiada, lançada ao “deus mercado”, não o faremos! Não queremos o luto da conformação com o que não podíamos ter perdido.

O luto se faz doloroso porque precisamos nos despedir de algo que amamos, para o qual dedicamos nossas vidas e por fim, com o qual nos identificamos. Seguir em frente após as perdas inevitáveis que a morte nos inflige: é luto. Fazer luto é imprescindível para podermos seguir a maravilhosa vida que nos foi dada, e isto se dá, basicamente, pelo deslocamento de energia vital para outros seres, projetos, sonhos…

A sensação do luto forçado é perversa! Estamos velando uma Empresa viva, pulsante, que é capaz de alentar uma população, desenvolver cidades, realizar sonhos.

Estamos nos despedindo de tantos que amamos, por tanto tempo e o tempo todo, que já não é possível acumularmos tanta dor sem que não percebam por vezes nosso estado de tristeza.

Façamos luto pelo que é inafastável, pelo que a morte tem nos tirado, mas também nos façamos luta para enfrentar o que não se pode aceitar!

Luto pelas vítimas da Covid-19!

Luta pela Caixa pública!

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