Nesta terça-feira (31) foram divulgados dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontando que 12, 966 milhões de brasileiros estão em busca de emprego. O que mostra uma queda de 3,9% na comparação com o segundo trimestre do ano anterior.

Embora o índice tenha caído, as condições não melhoraram. Segundo o IBGE, no primeiro semestre o mercado de trabalho perdeu 497 mil vagas com carteira assinada. O total de postos de trabalho formais no setor privado encolheu 1,5% no segundo trimestre de 2018 ante o mesmo trimestre de 2017. E o total de vagas formais caiu a 32,834 milhões de postos, o menor patamar da série histórica iniciada em 2012. Em relação a 2017 houve uma queda de (-1,5% ou menos 497 mil pessoas).

O número de empregados sem carteira de trabalho assinada é de 11,0 milhões, uma alta de 3,5%, ou mais 367 mil pessoas na comparação com o ano anterior.

Alguns grandes jornais estão divulgando estes dados destacando que o número de pessoas no chamado “mercado informal” vem crescendo, como se isso simbolizasse uma melhora na situação.

Hoje 37.060 milhões brasileiros trabalham informalmente. O cálculo inclui os empregados sem carteira assinada no setor privado, trabalhadores domésticos sem carteira, ocupados por conta própria sem CNPJ, empregadores sem CNPJ e pessoas que atuam como trabalhador familiar auxiliar.

O que este número significa, na verdade, é que cada vez mais a população tenta escapar do desemprego trabalhando por conta própria ou se sujeitando à exploração. Trabalho sem qualquer garantia mínima de direitos. Inclusive, o chamado trabalho por conta própria cresceu 2,5% no período, com 555 mil pessoas a mais.

 

Bicos

Aparentemente, a Caixa está alinhada com o discurso do governo, que enxerga nesta situação uma oportunidade para que aflore na sociedade valores como empreendedorismo e meritocracia.

Na última mesa de negociação com a direção do banco pela Campanha Nacional 2018, em 26 de julho, ao serem questionados sobre propostas para a revisão do equacionamento da Funcef e chamados a discutir formas de mitigar seus efeitos sobre a remuneração dos participantes, os representantes da Caixa sugeriram que os empregados da ativa ainda poderiam “buscar outras fontes de rendimentos, como ‘bicos”, para aumentar sua renda disponível. De acordo com a visão dos representantes do banco na mesa, esta seria uma forma dos trabalhadores da ativa minimizarem este problema.

Ou seja, os empregados devem “se virar” e arrumar algum trabalho informal no pequeno tempo livre que possuem, juntando-se aos mais de 30 milhões de brasileiros que se desdobram para tentar garantir a sobrevivência de suas famílias.

Compartilhe: