Fonte: Contraf-CUT

O primeiro dia da greve nacional dos bancários superou as expectativas da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT). Dados parciais repassados pelos sindicatos até as 20h desta quinta-feira 24 mostram que um total de 2.881 agências, além de centros administrativos de todos os bancos, foram paralisados em todas as capitais e em inúmeras cidades do interior onde há presença de instituições financeiras.

As assembleias de avaliação realizadas pelos sindicatos decidiram manter a greve nacional por tempo indeterminado, e aguardam da Fenaban a apresentação de uma nova proposta que atenda às reivindicações dos bancários por aumento real, PLR mais justa e transparente, valorização dos pisos salariais, preservação do emprego, mais saúde e melhores condições de trabalho, combate às metas abusivas e ao assédio moral.

"Os bancários responderam com dignidade à provocação dos bancos, que apesar de terem lucrado R$ 19,3 bilhões no primeiro semestre, segundo o Banco Central, pretendem reduzir a PLR, não querem conceder aumento real e se recusam a atender às demais reivindicações da categoria", avalia Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional dos Bancários.

A greve foi maciça no Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal em todo o país nesta quinta-feira. No Bradesco, a paralisação surpreendeu os sindicatos pelo alto índice de adesão dos bancários, muito superior ao movimento do ano passado. E também superou as expectativas no Itaú Unibanco e no Santander-Real, onde a participação dos trabalhadores foi expressiva, apesar de as instituições estarem passando pelo processo de fusão.

Por que os bancários estão em greve

Reajuste de 10% do salário. Os bancos ofereceram 4,5%, apenas a reposição da inflação dos últimos doze meses, enquanto outras categorias de trabalhadores de setores econômicos menos lucrativos estão conquistando aumento real de salário.

Bancos querem reduzir PLR para aumentar lucros
. Os bancários querem uma PLR simplificada, equivalente a três salários mais R$ 3.850 fixos. Os banqueiros propuseram a distribuição de 5,5% do lucro líquido, ao contrário dos últimos anos quando os bancários recebiam até 15% dos resultados. Cálculo do Dieese mostra que, dessa forma, somente os seis maiores bancos (BB, Itaú Unibanco, Bradesco, Caixa, Santander e HSBC) reduziriam em R$ 1,2 bilhão o pagamento de PLR, em 2009, em relação ao ano passado.

Valorização dos pisos salariais. A categoria reivindica pisos de R$ 1.432 para portaria, R$ 2.047 (salário mínimo do Dieese) para escriturário, R$ 2.763,45 para caixa, R$ 3.477,00 para primeiro comissionado e R$ 4.605,73 para primeiro gerente. Os bancos rejeitam a valorização dos pisos e propõem 4,5% de reajuste para todas as faixas salariais.

Preservação dos empregos e mais contratações. Seis dos maiores bancos do país estão passando por processos de fusão. Os bancários querem garantias de que não perderão postos de trabalho e exigem mais contratações para dar conta da crescente demanda. Os bancos se recusam a discutir o emprego e aplicar a Convenção 158 da OIT, que inibe demissões imotivadas.

Mais saúde e melhores condições de trabalho. A enorme pressão por metas e o assédio moral são os piores problemas que a categoria enfrenta hoje, provocando sérios impactos na saúde física e psíquica. A Fenaban não fez proposta para combater essa situação e melhorar as condições de saúde e trabalho.

Auxílio-creche/babá.
A categoria quer R$ 465 (um salário mínimo) para filhos até 83 meses (idade prevista no acordo em vigor). Os bancos oferecem R$ 205 e querem reduzir a idade para 71 meses.

Auxílio-refeição.
Os bancários reivindicam R$ 19,25 ao dia e as empresas propõem R$ 16,63.

Cesta-alimentação.
Os trabalhadores querem R$ 465, inclusive para a 13ª cesta-alimentação. Os bancos oferecem R$ 285,21 tanto para a cesta mensal quanto para a 13ª.

Segurança.
Os bancários querem instalações seguras e medidas como a proibição ao transporte de numerário, malotes e guarda das chaves. Também reivindicam adicional de risco de vida de 40% do salário para quem trabalha em agências e postos. A categoria defende proteção da vida dos trabalhadores e clientes.

Previdência complementar para todos
. Os bancários reivindicam planos de previdência complementar para todos os trabalhadores, com patrocínico dos bancos e participação na gestão dos fundos de pensão.

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