A reestruturação parece estar avançando na Caixa. Desde sexta-feira (6), empregados com função incorporada ou aposentados pelo INSS estão sendo retirados de seus locais de trabalho, causando pânico nos trabalhadores. Lotados em filiais e centralizadoras de todo o país, além de algumas áreas da matriz, os trabalhadores descobriram que seriam transferidos para agências já nesta semana. Não houve nenhuma negociação. Segundo a Caixa, o objetivo seria reduzir a falta de trabalhadores nas agências. No entanto, as agências precisam ser reforçadas principalmente com novas contratações. Já são menos 19 mil trabalhadores no banco e o déficit pode aumentar.

É um desrespeito à vida o que a direção da Caixa está fazendo. Foi assim que o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Sergio Takemoto, definiu a medida tomada pela gestão do banco. “É uma gestão desumana, que não respeita as pessoas e as suas histórias, e não negocia com os trabalhadores. As pessoas estão sendo transferidas sumariamente, sem nenhuma negociação. O único interesse é que elas entrem no PDV”, afirmou Takemoto. Segundo o presidente, a medida não soluciona um dos problemas da Caixa, a falta de trabalhadores. “Precisamos de mais contratações. O déficit de empregados já atingiu 19 mil e pode aumentar com a reabertura do PDV”, advertiu.

A Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE/Caixa) recebeu as denúncias e oficiou o presidente da Caixa, Pedro Guimarães e a Gerência Nacional de Relações Trabalhistas (Geret) sobre a movimentação. No documento, enviado por meio da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), a Comissão se diz preocupada com a decisão da empresa, uma vez que o movimento é discriminatório. Além de forçar a adesão ao Programa de Desligamento Voluntário (PDV), cujo público-alvo principal são os incorporados e os aposentados pelo INSS. reaberto até a próxima sexta-feira (11).

As denúncias apontam o tempo exíguo para opção do novo local de trabalho, bem como questionam os critérios discriminatórios do “público-alvo” e a falta de transparência. No documento, a CEE cobra a suspensão do processo de transferências e o estabelecimento de uma mesa de negociação para debater os impactos da reestruturação e os impactos na vida funcional dos empregados. Conforme prevê o acordo coletivo de Trabalho (ACT).

“A direção da Caixa desrespeita os empregados com essa medida. Não há transparência nas tomadas de decisões da empresa e não há negociações. A gestão prejudica a vida funcional dos trabalhadores e agrava ainda mais as condições de trabalho dos colegas que estão cansados devido as jornadas intensas e metas abusivas.”, destacou a coordenadora da CEE/Caixa. Fabiana Uehara Proscholdt.

Outra questão levantada pela CEE é a formalização das medidas que prejudicam sobremaneira as relações de trabalho na empresa. “É importante que toda alteração na vida funcional seja documentada, para que o empregado não tenha problemas futuramente. A Caixa não pode ser administrada de uma forma que, posteriormente, o presidente da empresa diga que não sabia que empregados eram transferidos sumariamente. Uma das bases nas instituições financeiras é a formalização dos processos, e com transferências de empregados entre as unidades não pode ser diferente”, reforçou o diretor-presidente da Apcef/SP e membro da CEE/Caixa, Leonardo Quadros.

O mesmo questionamento é o da representante dos trabalhadores da Caixa no Conselho de Administração da Caixa, Rita Serrano. Ela alerta para que os empregados não aceitem as mudanças caso elas não estejam documentadas.

“Nós não temos que aceitar pressão para sair no PDV. O PDV, como o nome diz, é voluntário. E tem que ter documento solicitando a transferência, dizendo para onde o empregado vai. A mudança deveria ser negociada, para não piorar as condições de vida e trabalho das pessoas”.

:: Confira aqui o ofício na íntegra

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