Palavra em desuso ou motivo de interpretações equivocadas, é a ela que recorremos para expressar nossos anseios frente aos acontecimentos mais recentes da Caixa: JUSTIÇA.
A direção da Caixa anunciou seu processo de reestruturação com muito palavreado e pouca clareza. Ao longo desses meses de 2010, os trabalhadores do banco têm vivenciado um dia a dia de angústias e incertezas ditadas pela irresponsabilidade da direção ao anunciar um processo que, em si, estava incompleto; uma reestruturação marcada por indefinições e vacilos que dizem respeito, principalmente, a uma questão: à situação dos trabalhadores, daqueles que serão deslocados para outras cidades, daqueles que não sabem, ao certo, se permanecerão com suas funções, do conjunto que não sabe aonde a direção da empresa quer chegar.
No último dia 12, representantes da APCEF/SP e da Fenae reuniram-se com a direção da Caixa para questionar a empresa sobre como ficará a situação dos empregados lotados nas retaguardas.
Na ocasião, a APCEF/SP e a Fenae entregaram um documento (leia íntegra aqui) à vice-presidente de Tecnologia do banco, Clarice Copetti, pedindo que a empresa garanta a função e os salários dos trabalhadores ligados às RETPVs e às áreas correlatas e, também, questionando o processo como um todo, pela falta de clareza e pela forma obscura com a qual tem sido conduzido. O ofício foi assinado, também, pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, pela Fetec-CUT/SP e pela Feeb/SP-MS.
A direção da empresa comprometeu-se a responder ao documento e encaminhá-lo à Comissão Executiva dos Empregados (CEE-Caixa). Até o momento, o banco não se pronunciou.
Dentro da reestruturação, a direção da Caixa esqueceu-se de um elemento básico, fundamental: o trabalhador.
Diante do que foi apresentado pela empresa, fica clara a dinâmica que tem sido utilizada – a de “reestruturação produtiva” -, com revisão e adequação de processos bem como a construção de novas ferramentas operacionais e de gestão.
Utilizando-se de suas prerrogativas administrativas, a direção da Caixa justifica a necessidade de fazer essa reestruturação. Mas o banco esqueceu que “estruturas” não se movem sozinhas, que “processos” não caminham ao acaso, como esqueceu, também, que trabalhadores não são somente trabalhadores, mas pessoas – e, aqui, o substantivo pessoa vem carregado de toda a particular singularidade que torna cada pessoa, cada trabalhador da Caixa, um ser único, insubstituível em sua especificade humana. A singularidade do sonho, da luta, do amor, das pessoas que procuram construir suas vidas ao lado da família, de amigos, em busca daquilo que lhes parece o justo, o verdadeiro, o belo.
A direção da Caixa esqueceu que as pessoas, frente aos salários injustos que recebem, precisam de uma “função”, não somente por uma questão de escolha, mas por necesidade; a Caixa esqueceu que as pessoas criam raízes, laços sociais com o lugar em que trabalham, com a cidade em que vivem e que isso simplesmente não pode ser destruído da noite para o dia, por conta de uma decisão arbitrária da empresa, não negociada, espúria em seu processo, temerosa em seus fins.
Desnecessário dizer que a APCEF/SP e as demais entidades representativas dos empregados não só repudiam a atitude da Caixa como deixam claro que os trabalhadores têm de se preparar para a luta, se quiserem resistir ao processo em curso.
Trabalhadores não são peças que podem ser trocadas, manipuladas ao bel-prazer da empresa. A construção de um processo de reestruturação dessa magnitude em uma empresa como a Caixa – pública e com um quadro de trabalhadores estável – teria de ser negociado, claro, transparente e que garantisse aos trabalhadores, verdadeiras peças-chaves dessa empresa que completará 150 anos, a continuidade de sua vida funcional baseada em um princípio básico, elemento universal que rege as aspirações humanas: a JUSTIÇA.
A direção da Caixa teria de ser, no mínimo, justa com seus trabalhadores, que não merecem ser penalizados por conta de processos feitos a toque de “caixa”, por vias obscuras e sinuosas, já que a empresa admite e diz que não tem, ainda, o dimensionamente exato das pessoas envolvidas em todo esse processo.
Então, que a palavra ecoe em alto e bom som: o que queremos é JUSTIÇA. Queremos ser tratados de maneira justa e com respeito, porque somos nós, empregados da Caixa, quem garantimos a essa empresa sua vitalidade, força e existência.
Mas não há JUSTIÇA sem luta. É preciso que os trabalhadores tenham a consciência de que só com a luta conseguiremos a JUSTIÇA desejada.
Em junho, a APCEF/SP realizará um encontro com os empregados das áreas de retaguarda para que possamos, em conjunto, pensar e desenhar estratégias de luta para enfrentarmos o descaso da Caixa.
Mas que a Caixa escute bem: o que pedimos é JUSTIÇA e por ela lutaremos com as nossas armas.

Diretoria Executiva da APCEF/SP
Gestão Nossa Luta

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