A reunião do Conselho de Usuários do Saúde Caixa, realizada virtualmente na quarta-feira (30), não registrou avanços. Boa parte do encontro girou em torno do impasse em relação a todos os transtornos que as mudanças na administração do plano de saúde têm provocado. O colegiado atua como um instrumento essencial para o acompanhamento da gestão financeira e administrativa do Saúde Caixa, não possui caráter deliberativo e é formado paritariamente por representantes titulares eleitos pelos empregados e por indicados pela Caixa Econômica Federal, além de seus respectivos suplentes.

Logo no início da reunião, com base no grande número de reclamações dos usuários, recebidas através de mídias sociais e do aplicativo WhatsApp, os representantes dos empregados manifestaram preocupação com o funcionamento da Central de Atendimento e com o descredenciamento de profissionais, seja de ordem espontânea por parte do prestador, seja por iniciativa do banco público. Foram cobrados também esclarecimentos sobre a recusa de novos credenciamentos, em virtude do novo formato de pagamento, e no tocante à dificuldade dos usuários de acessar as informações no site da Central de Atendimento. 

Foram muitos os problemas apontados. A notícia de que as Gerências de Filial de Pessoas (Gipes) remanescentes serão transformadas em Representações causou surpresa e indignação entre os representantes dos empregados, devido à falta de respeito aos usuários ativos e aposentados, notadamente neste momento de desordem social causada pela pandemia. “Queremos saber desta Representação, tendo em vista o trabalho do GT Saúde Caixa, como será formatado o novo modelo de plano e que números serão usados como base de dados?”, questionou a conselheira eleita Zuleida Martins Rosa.  

O membro do Conselho de Usuários do Saúde Caixa e dirigente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Francisco Pugliesi, reforçou a preocupação dos conselheiros eleitos com os ataques ao plano de saúde, o que tem levado insegurança aos empregados. “É importante o usuário estar atento para o nível de ataque que está ocorrendo ao Saúde Caixa. No meio da maior pandemia de nossa geração, fazer uma reestruturação, justamente na área de pessoas, quando os trabalhadores já estão sobrecarregados e temerosos nos seus locais de trabalho por causa da Covid-19, e ainda a insegurança de não saberem se um hospital de sua confiança está ou não credenciado. É mais uma irresponsabilidade da direção da Caixa, de Pedro Guimarães”.

Na reunião com os representantes do banco, os conselheiros eleitos indagaram sobre a existência ou não de pendências de regularização das mensalidades dos empregados que saíram no Plano de Demissão Voluntária (PDV). Houve ainda questionamentos em relação aos beneficiários que não são cobrados há mais de ano, enquanto outros usuários recebem cobrança por diferenças de anos anteriores.  

Foram relatados casos de beneficiários que autorizam o débito e estes não são efetuados, numa situação agravada pela não identificação e, consequentemente, pela falta de cobrança dos que recebem em separado seus proventos do órgão de previdência oficial e da Fundação dos Economiários Federais (Funcef).  

Zuleida Martins perguntou sobre os motivos que causam todos os problemas detectados no Saúde Caixa. Segundo ela, caberá à Caixa responder, com a urgência necessária, a todas as questões apontadas A suspeita é de que muitos dos problemas estão relacionados à falta de pessoal nas áreas responsáveis ou à falta de conhecimento dos setores designados para administrar o plano, decorrendo ainda de demissões de trabalhadores pela empresa que administra a Central de Atendimento.  

Os conselheiros eleitos relataram também que muitos usuários estão incomodados com eventuais negligências da empresa responsável pela cobrança. Outro alvo de crítica diz respeito à falta de acompanhamento do plano por pesquisa de satisfação dos beneficiários, conforme prevista no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT). Durante a reunião, os representantes dos empregados reafirmaram preocupação e discordância com a forma como a Caixa administra o Saúde Caixa, recusando-se, muitas vezes, a fazer correções dos processos. 

Os conselheiros eleitos reforçaram ainda a importância da rede credenciada própria, com capacidade de fortalecer a condição do Saúde Caixa como operadora de plano de saúde de autogestão por RH.  

Direito a atendimento decente – A coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa) e integrante eleita do Conselho de Usuários do Saúde Caixa, Fabiana Uehara Proscholdt, opinou que o usuário tem direito a um atendimento decente, compatível com um plano financeiramente viável a todos os empregados do banco. Ela defendeu também o engajamento dos trabalhadores da ativa e dos aposentados na defesa do Saúde Caixa, ressaltando que “os parâmetros de solidariedade, pacto intergeracional são inegociáveis”. 

“O momento é propício para cobrarmos cada vez mais transparência da Caixa sobre o nosso plano de saúde, que é uma das maiores conquistas da categoria. Este é o papel do Conselho de Usuários”, comentou Sergio Takemoto, presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae).  

As próximas reuniões do Conselho de Usuários estão marcadas em duas datas: 15 de setembro e 8 de dezembro.

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