A defesa dos empregos e dos direitos e a formação de frentes de atuação por um projeto de nacional de desenvolvimento marcaram as conferências estaduais e regionais realizada por federações de bancários no final de semana. “O modelo neoliberal que está aí é inviável. Fracassou na Europa. Foi derrotado na Itália. Derrubou a Grécia. Então, a saída é a aliança entre trabalho e capital produtivo”, defendeu o senador Roberto Requião (PMDB-PR), no evento que reuniu representantes da categoria da Bahia e Sergipe, em Salvador. “Precisamos construir esta frente”, reforçou o presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia, Augusto Vasconcelos. “Para nós, bancários, o desafio é maior ainda porque o enfrentamento é direto com o capital financeiro. Não podemos passar para a história como a geração dos omissos”, afirmou o dirigente.
Em outra conferência regional do Nordeste, em Recife, o sociólogo Emir Sader afirmou que os trabalhadores estão “no olho do furacão” e que o capital financeira está dando as cartas no Brasil. “Isso resulta diretamente na liquidação dos recursos sociais e na destruição da democracia. Sabemos também que a direita só triunfa em um país desmoralizado, e que Michel Temer, embora seja um cadáver político, tem o apoio do Congresso e pode seguir juridicamente por muito tempo. Por isso temos de fortalecer a nossa luta e impedir que esse governo golpista continue ativo”, defendeu.
O fato de os bancários organizarem nacionalmente sua campanha, em função da abrangência da convenção coletiva da categoria, foi observado pela presidenta do sindicato do Rio de Janeiro, Adriana Nalesso, no evento que reuniu entidades de seu estado e do Espírito Santo. “A conferência deste ano se torna ainda mais importante. Foi positivo o acordo de dois anos (firmado no ano passado e válido até 2018) que garantiu direitos conquistados. Mas vivemos um Estado de exceção. Agora, o nosso objetivo central é organizar a luta em defesa de nossos direitos, combater um dos maiores ataques sofridos pelos trabalhadores e defender a democracia”, disse Adriana.
Na abertura do encontro do Rio, a vice-presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, disse que a “reforma regulariza o bico”, torna mais precário trabalho e dificulta o acesso à Justiça do Trabalho. “A empresa pode ‘pejotizar’, terceirizar, sem a presença dos sindicatos para negociar. Ninguém mais vai receber hora extra. Extinguiram a incorporação de função, que atinge em cheio, por exemplo, os funcionários do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, que depois de dez anos de trabalho tinham este direito”, denunciou.
Homenagem
O ex-presidente da Federação dos Bancários da CUT do Estado de São Paulo (Fetec/CUT-SP) Sebastião Geraldo Cardozo, o Tião, morto em abril passado, foi lembrado como exemplo de luta na conferência realizada na capital paulista. Na abertura, os participantes fizeram homenagem celebrando a energia com que Tião lidava com os desafios. “Vamos precisar desse ânimo para enfrentar tudo o que vem por aí. Passaremos por uma transformação, inclusive no movimento sindical, mas nunca perderemos a esperança na construção de uma sociedade justa. Vamos reconquistar tudo o que nos foi roubado, com muita luta”, afirmou o presidente da Contraf-CUT, Roberto Von der Oster,
A presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva, ressaltou as ameaças de retrocessos de mais de um século trazidas com a reforma trabalhista. “Jogaram os cidadãos ao início da revolução industrial. Vamos organizar os bancários para enfrentar o desmonte da legislação trabalhista”, alertou.
Depois das etapas regionais, os bancários preparam agora a edição nacional da conferência da categoria, prevista para ocorrer em São Paulo de 28 a de julho. “Na crise, crescemos, e vamos para as bases conquistar corações e mentes para nossa luta por um estado democrático de direito. Somos protagonistas dessa luta e vamos lutar contra ódio de classe. Nosso mote é debater com a base quais são as ameaças da reforma trabalhista e defender um estado democrático de direito”, explicou a presidenta da Fetec/CUT-SP, Aline Molina.
Com informações das federações e da Contraf-CUT