Da Agência Fenae

Houve avanços na discussão sobre o combate ao assédio moral e à violência organizacional. Será retomado o debate das cláusulas não-econômicas

Avanços foram registrados no dia 9 de setembro, na quarta rodada de negociações da campanha nacional salarial de 2008, envolvendo o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). Os pontos discutidos na reunião foram a implantação de uma política permanente de combate ao assédio moral e à violência organizacional dentro dos bancos, a melhoria da segurança nas agências bancárias e a adoção de uma política de reabilitação dos bancários afastados devido a doenças de origem ocupacional.
Na próxima semana, bancários e banqueiros voltam a negociar. As negociações do dia 16 de setembro, próxima terça-feira, começam com a discussão das cláusulas não-econômicas (saúde e condições de trabalho – igualdade de oportunidades – segurança bancária), para no dia seguinte serem debatidas as cláusulas econômicas e a questão da garantia do emprego bancário. Pelo calendário de mobilização, a plenária nacional da categoria bancária será realizada em 25 de setembro, na capital, para avaliar o andamento da campanha salarial deste ano e decretar greve, caso até lá os banqueiros se recusarem a atender às reivindicações dos bancários.
O coordenador do Comando Nacional dos Bancários e presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Vagner Freitas, disse que, apesar dos avanços, “a lentidão até agora nas discussões mostra que os bancos pretendem impor todo tipo de obstáculo para dificultar o processo de negociação, e assim deixar de atender às reivindicações da categoria bancária. Ele afirma ser importante que os bancários comecem a se preparar para o enfrentamento com os banqueiros, inclusive para a greve, caso seja necessário.
Na rodada do dia 9, os avanços registrados em relação ao assédio moral constam no entendimento entre o Comando Nacional e a Fenaban para o combate às práticas de assédio moral nos locais de trabalho, com base em princípios norteadores de uma política para acabar com a violência organizacional. Continuam, no entanto, as divergências quanto ao sigilo, o que até o momento está dificultando a redação de um texto final sobre o acordo. Não há concordância porque, ao contrário dos bancários, os banqueiros querem manter em sigilo os nomes de quem pratica assédio moral.
No quesito segurança bancária, os bancos aceitaram incluir a discussão sobre o tema na campanha salarial deste ano, inclusive com a instalação e o funcionamento de mesa temática. A comissão temática sobre segurança bancária está prevista na Convenção Coletiva Nacional desde 1991, mas nunca foi instalada. O Comando Nacional cobrou dos bancos o compromisso de solucionar as questões de segurança que envolvem diretamente os bancários no dia-a-dia. Também foi apresentada proposta de emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) para os trabalhadores que presenciaram assaltos, sendo que nesses casos os bancos devem disponibilizar um representante para acompanhar os trâmites legais, inclusive na elaboração de Boletim de Ocorrência (BO) na delegacia. O assunto voltará a ser discutido na próxima semana. Os bancários solicitaram ainda a inclusão na Convenção Coletiva Nacional de cláusula proibindo o transporte de numerário por bancários.
Foi dado início ainda à discussão sobre a política de reabilitação dos afastados. A proposta prevê que sejam asseguradas condições de reinserção do bancário ao local de trabalho, após afastamento por motivo de doença (origem ocupacional ou não) e que tenha gerado redução da capacidade laborativa, além de outras situações similares. Nesse quesito, o foco dos bancários é a prevenção. LER/Dort e doenças mentais, por exemplo, são as duas principais patologias. Aos bancos cabe adotar uma política que preveja uma reformulação do ambiente de trabalho, que passa por mudanças físicas (mobiliário e equipamentos) e atinja até a revisão do processo de trabalho.
Ainda sobre a reabilitação dos bancários afastados por motivo de saúde, as propostas do Comando Nacional dos Bancários entregues para a Fenaban prevêem a implantação de uma política de reabilitação que preveja reorganização do local de trabalho e realocação e eventual mudança de função, se for necessário. Outra questão importante é a contratação pelo banco de equipe de saúde multidisciplinar, podendo ser o próprio Sesmt, para acompanhamento do processo de reabilitação. Os bancários reivindicam que seja garantido o acesso do sindicato aos dados estatísticos do programa. A discussão sobre o assunto será retomada nas negociações do dia 16 de setembro.

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