Em 22 outubro, última sexta-feira, a direção da Caixa expôs aos empregados sua decisão pelo retorno dos empregados de grupo de risco que estavam em home office ao trabalho presencial. Como em muitas decisões que a direção toma para resolver um problema, o efeito foi criar outros: ao tratar todos os casos sem considerar especificidades e sem realizar qualquer diálogo com os trabalhadores ou seus representantes, além do protocolo explicado ser vago, tudo indica que foi uma decisão tomada às pressas.
A generalização feita pela direção do banco não previa, por exemplo, situações como o atendimento à população por empregados surdos, hoje em home office, que necessitam da leitura labial para exercer o trabalho de atendimento, além de casos em que os próprios médicos indicam o teletrabalho para proteger os trabalhadores.
Estes são exemplos da falta de planejamento da empresa para o retorno dos empregados. O açodamento demonstrado é tão grande que faz pensar se não teria sido proposital divulgar assunto tão sério enquanto os empregados estão fazendo a discussão de um tema tão importante como o Saúde Caixa.
É fato que os colegas que atuam presencialmente, na linha de frente das agências, precisam de mais colegas para as demandas diárias, e é importante ressaltar que apenas o retorno dos colegas que estavam em home office não supre esta necessidade. As contratações, que só estão sendo feitas porque o concurso de 2014 foi prorrogado por força de ação civil pública do Ministério Público do Trabalho d Fenae e Contraf-CUT, ainda ocorrem em velocidade menor do que no passado, e menor que o necessário.
Na mesa de negociação de condições de trabalho, ocorrida no dia 22, o tema foi pautado, e a Caixa teve que fazer mudanças. Entre elas, houve a exclusão dos surdos do atendimento presencial, podendo trabalhar na realização de atividades internas das agências.
Outro ponto foi a abertura para que situações específicas de empregados sejam tratados, além da possibilidade da continuidade de parte dos colegas em home office após análise de comissão específica criada pela Caixa. De acordo com informações dos representantes da direção do banco em mesa, devem ser criadas, nos próximos dias, comissões regionais para analisar os casos de empregados que possuam indicação médica para permanecer no teletrabalho. Neste caso, o empregado deve encaminhar a documentação (laudo médico e, caso possua, exames complementares) à comissão e, enquanto sua solicitação estiver em análise, de acordo com o compromisso dos representantes da direção, permanece em home office. A Caixa ainda não havia informado o canal para encaminhamento da solicitação, mas na próxima reunião da mesa permanente, que deve ocorrer em 27/10, os representantes dos empregados devem cobrar qual será o meio para envio.
:: Caso tenha qualquer dúvida em relação ao retorno ao trabalho presencial, entre em contato conosco pelo sindical@apcefsp.org.br.
Quanto às áreas-meio, a opção pelo retorno ou não (ainda que esta decisão não faça sentido neste momento) é da vice-presidência de vinculação. Ressaltamos que esta atitude da Caixa tenta transferir às chefias a responsabilidade sobre a saúde e vida dos empregados, o que é inaceitável.
A preocupação das entidades deve-se ao fato de que a pandemia de Covid-19 ainda não acabou. A Caixa não pode tratar todos os casos da mesma forma. Mesmo com a vacinação avançando e os índices de mortes e contágio caindo, a situação segue grave, conforme vêm alertando os principais especialistas do país, e não é aceitável perder nem mais um colega para a Covid-19. As decisões da empresa deveriam ser discutidas e planejadas, para de fato trazerem soluções, e não causarem mais problemas.