No sábado, dia 12 de janeiro, a Caixa completou 158 anos de existência. O início deste novo ciclo coincide com o começo de uma nova gestão do banco, já que na segunda-feira, dia 7 de janeiro, tomou posse o novo presidente da instituição, Pedro Guimarães.

Desde que teve seu nome confirmado para assumir a presidência do banco, Guimarães tem feito declarações que esboçam qual será a estratégia do governo federal para a Caixa. Segundo ele, apoia-se na venda das operações de cartões, loterias, asset e seguros – por meio da abertura de capital – e prioriza o crédito imobiliário e o crédito consignado, reduzindo a atuação na concessão de crédito a grandes empresas.

O discurso do presidente traz algumas preocupações. Ao observar o balanço divulgado pela Caixa e estatísticas publicadas pelo Banco Central, vê-se que o volume total da carteira de crédito apresentou queda a partir de 2016.

Nas carteiras citadas pelo presidente, vê-se que, atualmente, a Caixa ocupa a segunda colocação no ranking do crédito consignado, com um estoque de cerca de R$ 60 bilhões, atrás apenas do Banco do Brasil. A participação relativa desta carteira no crédito total da Caixa manteve-se estável de dezembro de 2016 até hoje.

Com relação ao crédito imobiliário, na CCSBPE (concessão que tem como funding os recursos da poupança, operada por todo o mercado), o volume emprestado pela Caixa, mês a mês, tem sido menor que dos concorrentes privados já há algum tempo, consequência das taxas de juros cobradas pelo banco, que têm sido maiores.

No crédito PJ, o movimento observado (a partir de dezembro de 2016) é também o de redução da carteira, combinado com o direcionamento dos recursos para empresas com faturamento anual superior a R$ 300 milhões.

Neste sentido, as declarações do novo presidente da Caixa – de que o banco vai securitizar (oferecer a terceiros, com deságio) parte das carteiras de crédito imobiliário e que a Caixa “vai passar a ser uma originadora imobiliária mais do que reter crédito no balanço” e que a classe média passará a pagar juros de mercado no financiamento habitacional da Caixa (afirmação posteriormente negada) – não seguem no mesmo sentido de declarações como a de que a Caixa Econômica Federal irá priorizar a concessão de crédito imobiliário.
Como fará isso sem ter competitividade com relação ao mercado?

Há, ainda, algumas lacunas. A Caixa voltará a ter uma concessão equilibrada no crédito PJ ou vai apenas perder carteira no segmento de grandes empresas, sem necessariamente direcionar os recursos aos outros segmentos? Como a Caixa pretende crescer na concessão de crédito consignado se não mantiver o relacionamento com as empresas, o que possibilita que os convênios para a concessão deste crédito sejam firmados?

São muitas as perguntas sobre os rumos que o governo pretende dar ao banco. E maior ainda a expectativa com as consequências destes atos. Esperamos que as próximas declarações do presidente e sua equipe ajudem a respondê-las e que não aumentem ainda mais os questionamentos.

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